Capital

Defesa quer livrar músico da acusação de matar Mayara e culpar comparsas

Advogado afirma que Luís Alberto, 29 anos, preso com outros 2 homens, não teve participação direta na morte

Luana Rodrigues | 28/07/2017 16:47
Luís Alberto Bastos Barros, 29 anos, foi indicado pela polícia como autor do crime. (Foto: Marcos Ermínio)
Luís Alberto Bastos Barros, 29 anos, foi indicado pela polícia como autor do crime. (Foto: Marcos Ermínio)

Numa tentativa de aliviar a situação do cliente, a defesa de Luís Alberto Bastos Barros, 29 anos, afirma que o músico não teve participação na morte de Mayara Amaral, 27 anos, brutalmente assassinada na última segunda-feira (24). Numa versão bem diferente da que foi apresentada pela polícia, o advogado Conrado de Souza Passos diz que tem indícios comprovadores de que o suspeito não matou a jovem e sequer a convidou para o encontro. Na versão contada por ele, Luis Alberto "apenas ajudou na ocultação do cadáver".

Conforme Passos, Luis estaria no banheiro do quarto de motel onde o crime ocorreu quando a jovem foi morta. Contando passo a passo do que, segundo ele, teria acontecido no dia do crime o advogado afirma que de onde estava, o cliente “apenas ouviu duas pancadas e quando foi até o quarto para ver o que era, encontrou Ronaldo da Silva Moeda, 30 anos, asfixiando a moça. Ele ainda tentou ajudar, interferir, mas era tarde”, disse. 

Ainda segundo o advogado, Luís teria ficado “desesperado” com a situação, e ajudado Ronaldo a colocar o corpo da jovem dentro do carro dela. Depois, ainda conforme o defensor, saiu do motel dirigindo o veículo até a casa de Anderson Sanches Pereira, 31, onde os três chegaram a enterrar o corpo de Mayara por algumas horas.

Na história contada pelo advogado, depois disso, ainda com o carro da jovem, Luís teria ido até sua própria casa, retirado pertences da vítima do veículo e colocado em seu quarto, quando foi “convocado” para voltar até a casa de Anderson e “devolver” o carro da moça, pois os dois iriam vendê-lo.

Já de volta a casa do colega, Ronaldo e Anderson teriam “obrigado” Luís a colaborar com a ocultação do cadáver da jovem na região do Inferninho, onde ele foi encontrado.

“Ele iria tomar uma providência, mas estava sendo ameaçado e coagido pelos outros dois. Ele iria convocar a família toda e se entregar, mas a polícia foi mais rápida. Ele guardou os pertences porque queria fazer a entrega do material para a família dela e à policia, não tinha interesse nenhum em acabar com a vida dela, nem ficar com nada que era da moça”, reforça o advogado.

“Culpa da vítima” – O advogado do suspeito também não hesita em culpar Mayara, a vítima, pelo encontro a três no motel. Durante entrevista, ele reforçam em vários momentos, que foi ela quem combinou o encontro com Luís e Ronaldo, o Cachorrão, e diz que a moça fez isso porque queria consumir drogas.

“O Cachorrão é traficante e ela sabia. Então ela chamou o Luiz e disse para ele convidar o Cachorrão, que levaria muita droga para eles consumirem juntos”, diz o advogando, revelando ainda detalhes sobre a vida e conversas pessoais de Mayara.

Questionado se tem provas materiais sobre o que está dizendo, o advogado se restringe a dizer que “tem todos os indícios, está tudo nos autos”.

O caso - Mayara estava desaparecida desde segunda-feira (24), quando saiu com duas amigas para ensaiar com sua banda, da qual Luis Alberto fazia parte.

Na terça-feira à noite, a mãe dela procurou a polícia após receber mensagem - provavelmente de uma pessoa se passando pela vítima. “Você está onde agora? Ele é louco mãe. Está me perseguindo. Estava na casa dele e brigamos feio”, diz uma das mensagens, que seria uma tentativa do trio de incriminar o ex-namorado da jovem. Quando essa mensagem chegou, o corpo já tinha sido encontrado, mas até então estava sem identificação.

A vítima foi localizada por moradores às margens da rodovia que dá acesso à cachoeira do Inferninho, na região norte de Campo Grande. Estava só de calcinha e com parte do corpo carbonizado, o que pode ter sido uma tentativa de dificultar as investigações e a comprovação de crimes como estupro.

De acordo com a delegada Priscilla Anuda Quarti Vieira, que atendeu inicialmente a ocorrência, havia sinais de pancadas na cabeça de Mayara e a investigação indicou que um martelo foi usado.

Além de Barros, outros dois homens foram presos suspeitos de participarem do crime. Segundo a investigação da Polícia Civil, Ronaldo da Silva Moeda, 30, teria ido ao quarto do motel onde o músico havia marcado de se encontrar com Mayara.

As circustâncias em que tudo ocorreu não foram esclarecidas ainda. A Polícia Civil não divulgou o conteúdo das mensagens encontradas no celular da jovem, que foi apreendido com Luis Alberto.

A Polícia Civil afirma que o trio premeditou tudo, inclusive matar a jovem para roubar o carro e objetos pessoais. O corpo foi levado à casa do terceiro acusado detido, Anderson Sanches Pereira, 31, onde chegaram a enterrá-lo no quintal, mas mudaram de ideia e decidiram jogar o corpo na região do Inferninho.

Os três foram indicados por latrocínio e ocultação de cadáver, que tem penas somadas de até 33 anos de reclusão.

 

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