Capital

De 150 obras da prefeitura, somente 27 estão em andamento na Capital

Aline dos Santos | 21/10/2015 12:58
Obra inacabada do Centro de Belas Artes vira "antro de bandidos". (Foto: Fernando Antunes)
Obra inacabada do Centro de Belas Artes vira "antro de bandidos". (Foto: Fernando Antunes)
Carlão (à direita) chegou a cogitar CPI, mas deu prazo de 30 dias para secretário (à esquerda). (Foto: Marcos Ermínio)

De 150 obras da prefeitura de Campo Grande, apenas 27 estão em andamento. O quadro foi apresentado pelo titular da Seintrha (Secretaria de Transporte, Infraestrutura e Habitação), Amilton Cândido de Oliveira, que participou de audiência hoje na Câmara Municipal sobre obras paradas.

Segundo ele, o cenário é de 150 obras em execução, sendo 87 paralisadas, 27 em andamento, 31 concluídas, oito não iniciadas e uma com rescisão de contrato. “O negócio é complicado. Às vezes o recurso é federal, mas tem que ter contrapartida”, afirma.

Sobre os contratos com a União – que custeia projetos de mobilidade urbana, pavimentação e qualificação de vias – ele afirma que a a luta é para não perder recursos. “Vamos segurar o que der”, diz.

Na audiência, Amilton, que é arquiteto, disse que está há 30 dias na Seintrha, que conheceu 20% das obras da cidade e ainda não está com a equipe toda formada. “Vi a secretaria com monte de deficiência. Está faltando patriotismo, se juntar para arrumar essa coisas. Organizar nossa cidade,o desafio é gigantesco”, relata.

Segundo ele, a pasta sofre com os impactos da moratória de suspensão de pagamentos e da crise econômica. Aos vereadores, prometeu empenho e “fazer o feijãozinho com arroz bem feitinho”.

Presidente da Comissão Permanente de Obras e Serviços Públicos, o vereador Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, disse, antes da reunião, que o objetivo era cobrar prazos e durante o debate sinalizou, inclusive, com abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Contudo, a audiência terminou com um novo prazo. A Seintrha tem 30 dias para apresentar relatório detalhado das obras paradas.

Pressão - Em especial, a previsão de término de nove UBS (Unidade Básicas de Saúde) que são alvos de inquérito do MPE (Ministério Público do Estado) desde 2012: Sírio Libanês, Ana Maria do Couto, Jardim Azaléia, Zé Pereira, Cristo Redentor, Arnaldo Estevão de Figueiredo, Vila Cox, São Benedito e Paulo Coelho Machado.

“Paciência a gente tem, mas o Ministério Público não tem paciência com a gente”, afirma o vereador Chiquinho Telles (PSD), que vai assumir o comando da comissão de Obras na Câmara.

Segundo Carlão, a empreiteira responsável pelo posto de Saúde da Vila Cox está há três meses sem receber e o término da obra é orçado em R$ 30 mil. No Paulo Coelho Machado, só há mato no local da obra.

Representante da Caixa, Paulo César informa que é necessário dar celeridade aos projetos e ter ponto de controle mais eficaz para garantir os recursos.

Secretário de Governo, Paulo Pedra (PDT) citou as dificuldades da nova gestão, que voltou ao poder em agosto, mas que a perspectiva é destravar R$ 550 milhões para o ano que vem. “Sabemos que é difícil. Mas se conseguirmos R$ 80, R$ 120 milhões já é algo substancial”, diz.

Pedra explica que Campo Grande estava no Cadin (Cadastro Informativo), um SPC do setor público. Ou seja, com nome “sujo”. A situação foi revertida com liminar judicial, mas, atualmente, há uma nova pendência no cadastro, desta vez com a Receita Federal.

UPA Santa Mônica nem foi entregue e estrutura já se deteriora. (Foto: Arquivo)

Problemas do Prosa ao Segredo – As lideranças comunitárias afirmam que já participaram de outras audiências sobre obras paradas e a situação segue inalterada nos bairros. Representante do conselho da região do Segredo, José Geraldo Jara afirma que tem posto de saúde e Ceinf (Centro de Educação Infantil) inacabados e os moradores do Nova Lima estão à espera do asfalto.

A pavimentação é feira no bairro Atlântico Sul, mas ele critica o ritmo. “Essa obra está andando, mas um dia por semana”.

Elza Matos relata problemas na região do Prosa. “Concluiu a pavimentação da Mata do Jacinto, mas há sinalização somente em duas travessas”, diz.

Belas Artes e UPAs – A situação da obra do Centro de Belas Artes, que, enfim dará utilidade ao prédio da rodoviária abandonada, incomoda a vizinhança no Jardim Cabreúva. “Aquilo é antro para bandido. Deveria ter guarda lá”, diz Benedito Carlos Rodrigues. Conforme o titular da Seintra, por enquanto será feito no local um posto da secretaria para reclamações. 

Quanto às UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) das Moreninhas, Santa Mônica e Jardim Leblon, Paulo Pedra informa que elas serão contempladas num plano de recuperação da saúde pública. As unidades estão praticamente prontas e são alvos de vândalos.

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