Capital

Criada para combater fama de bairro violento, encenação emociona fieis

Graziela Rezende e Viviane Oliveira | 18/04/2014 18:10
Encenação da Paixão de Cristo emociona milhares de fiéis. (Foto: Marcelo Victor)
Encenação da Paixão de Cristo emociona milhares de fiéis. (Foto: Marcelo Victor)

Programada em uma época que o bairro possuía apenas “fama de violento”, a encenação da Paixão de Cristo, na Moreninhas III, em Campo Grande, agora é marcada pela devoção de milhares de fiéis que acompanham a carreata, orando, cantando e pagando promessas.

Segundo Carlinhos Oliveira, 49 anos, que participa da comunidade São Pedro & São Paulo, localizada na rua Barreiras, há 33 anos, a idéia era mostrar que a região também tinha muitas coisas boas. Então, com quatro meses de antecedência e acompanhando apenas notícias ruins pela imprensa, eles passaram a se organizar.

“Pedimos o apoio do padre Alcione Feitosa, mas poucos sabiam sobre a história da encenação. Durante nove anos fiz o papel de Jesus Cristo, mas agora atuo apenas como fotógrafo. E percebi que a cada ano melhora o evento e o número de integrantes. Antes o trajeto era sempre no chão e agora temos um caminhão percorrendo as ruas do bairro, além de mais recursos”, fala Oliveira.

Comunidade acompanha encenação no pátio da igreja. (Foto: Marcelo Victor)
Carlinhos foi um dos pioneiros. Por nove anos ele fez o papel de Jesus. (Foto: Marcelo Victor)

O coordenador de encenação, Juliano Louveira, fala que são 35 atores na comunidade. “São três meses de ensaio e 14 estações. A 1ª e mais demorada é dentro da comunidade, em que se passa o sofrimento de Jesus nos últimos momentos. São ao todo três horas de apresentação”, conta. Ao final, a crucificação termina na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Cidade Morena.

A aposentada Maria de Lourdes Santos, 83 anos, mora no bairro há mais de 30 anos e não perde uma edição. “Acompanho desde o início e fica emocionada toda vez que participo porque relembra de quando Jesus morreu na Cruz pelos nossos pecados. Este ano só lamento não poder acompanhar a carreata, já que estou com problema na perna”, lamenta.

A filha, a agricultora Maria Helena, 59 anos, veio de Itapari (PE) para acompanhar a mãe. “Há 15 anos participo e fico contente quando coincide de ir à época da Páscoa. Temos que viver e participar da Paixão de Cristo”, finaliza.

Jesus ainda na fase de julgamento. (Foto: Marcelo Victor)
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