Capital

Consórcio Guaicurus volta a cobrar subsídio, sob pena de colapso no sistema

Paula Maciulevicius Brasil | 01/03/2021 14:36
Ônibus na Avenida Afonso Pena, na manhã desta segunda-feira. (DFoto: Marcos Maluf)
Ônibus na Avenida Afonso Pena, na manhã desta segunda-feira. (DFoto: Marcos Maluf)

O Consórcio Guaicurus, que representa as empresas que operam no transporte urbano da Capital alega prejuízo de R$ 24 milhões, acumulado ao longo de 11 meses de pandemia, e prevê dificuldades para pagamento dos salários e fornecedores. Segundo o grupo, os aumentos consecutivos do diesel tem piorado da situação.

Desde o ano passado, o grupo pede subsídio da Prefeitura Municipal de Campo Grande para manter os serviços. Diante dos constantes aumentos no combustível, a empresa alega desequilíbrio financeiro.

Na manhã desta segunda-feira (1º), o presidente do Consórcio, João Rezende, diz que esteve reunido mais uma vez com representante da Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento, Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) e da Câmara Municipal de Vereadores.

Ao Campo Grande News, ele ressaltou a preocupação das empresas que aumenta conforme o preço do diesel sobe. Ele garante que não fala em aumento da tarifa e sim subsídios da Prefeitura.

"O que o transporte quer não é nem aumento da passagem, são ações da Prefeitura que garantam a permanência do serviço. Hoje me perguntaram na reunião, por que então a gente não devolve a concessão, mas não é assim. Existe um contrato, não é uma brincadeira. Temos direitos e também obrigações que a Prefeitura tem que cumprir, não pode só querer de nós e ficar apenas assistindo as dificuldades. A Prefeitura não tem nenhum feito, não dá aporte nenhum", fala Rezende. 

O presidente recorda que é função do Município o de fornecer transporte coletivo à população e que este é um direito social que está no mesmo patamar da educação, segurança e saúde. 

"Inclusive estamos até querendo acionar o Ministério Público para acompanhar este serviço essencial. Os órgãos de controle deveriam acompanhar mais de perto", diz. 

João Rezende fala ainda que o combustível é o segundo item mais impactante, vindo depois da mão-de-obra e que os constantes aumentos agravam ainda mais a situação da operação do consórcio. "A empresa está em desequilíbrio financeiro, porque tem mais despesa e receita de menos. O número de pessoas que estão usando o transporte não está aumentando. Se você aumenta a despesa sem aumentar a receita, é mais um ingrediente que trabalha contra", enxerga. 

O consórcio diz que as tratativas com a Prefeitura são permanentes no sentido de alertar o poder público. "As pessoas precisam entender que o serviço de transporte público é uma obrigação da Prefeitura de disponibilizar, assim como se faz com o lixo. Mas no caso do lixo, a Prefeitura paga direto para ele e no nosso caso, quem nos paga é o cliente que usa o transporte. Como a tarifa está sendo insuficiente, o que falta de recurso é obrigação da Prefeitura corrigir e isso não se dá através de aumento atrás de aumento tarifário e sim subsídio, que inclusive vem sendo feito em várias cidades", reforça João Rezende. 

O presidente do consórcio pontua que no último aumento da passagem, as empresas haviam proposto R$ 4,40, no entanto o decreto da Prefeitura estabeleceu a tarifa em R$ 4,20. 

"Curitiba, São Paulo, Campinas, Jundiaí, várias cidades já estão fazendo dando subsídios e Campo Grande não fez e diz que não vai fazer", completa. 

O Campo Grande News solicitou mais uma vez informações à prefeitura de Campo Grande sobre possível intervenção ou apoio, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. 

O prefeito Marquinhos Trad tem dito que cabe ao Governo Federal subsidiar as empresas de ônibus, porque obriga gratuidades de passe para os idosos, por exemplo.

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