Capital

Comoção causada pelas mortes na fila eleva doadores de médula óssea

Filipe Prado | 23/09/2014 08:32
Depois da morte do filho, Glauce aumentou a luta pela doação de medula óssea (Foto: Reprodução?Facebook)
Depois da morte do filho, Glauce aumentou a luta pela doação de medula óssea (Foto: Reprodução?Facebook)

A comoção causada pelas vidas que vão se perdendo na fila por um transplante, principalmente de crianças e adolescentes, elevou o número de pessoas interessadas em doar médula óssea em Campo Grande. Atualmente, 8% dos moradores da Capital, quase quatro vezes o mínimo ideal, estão cadastrados no no Banco de Medula Óssea do município.

De acordo com o Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), uma cidade com 2,5% da população cadastrada consegue suprir a necessidade dos pacientes. A coordenadora do setor de medula óssea do Hemosul, Lucéia Maria Fernandes, revelou que Campo Grande detém 61,5% dos cadastros de Mato Grosso do Sul. A Capital possui 80 mil cadastrados, sendo que no Estado há 130 mil. “Atingimos uma boa parcela da população”, comentou.

Atualmente, conforme Lucéia, o Hemosul realiza cadastros de manutenção, onde “pessoas que conhecem o cadastro, mas não quiseram realizar no momento da campanha ou que completaram idade e agora querem fazer o cadastro”, sendo que muitas empresas e universidades, que são o alvo principal das campanhas, já estão no banco de medula.

A coordenadora revelou que a tendência é que o número de cadastros diminua com o passar do tempo, porque “o cadastro é realizado uma única vez”, onde uma atualização deve ser feita cada vez que o telefone ou o endereço sejam modificados.

O número de cadastrados pode ser grande em Campo Grande, mas não é fácil encontrar um doador compatível no banco de medula. Foi o que aconteceu com o filho da consultora de vendas Glauce Figueiredo, 40 anos.

Jhonny Lucas Figueiredo, 17, havia completado 12 quando recebeu o diagnóstico de leucemia. Logo iniciou os tratamentos, mas, após idas e vindas, o adolescente não resistiu e morreu. O doador foi encontrado, porém se tornou indisponível.

Tia Nê com a esposa de Kenia (Foto: Reprodução/Facebook)

Na luta para sobreviver Doralice Estevão da Silva, 67, conhecida como tia Nê, descobriu na última sexta-feira (19) que estava com leucemia aguda. Ao saber do diagnóstico, ela passou mal e foi internada no UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Tiradentes, enquanto esperava uma vaga em um hospital, conforme a recepcionista Kenia Miranda, 27, esposa de uma das sobrinhas de Tia Nê.

A idosa conseguiu ser transferida ontem (22) para o Hospital Regional, mas Kenia implorou por doadores. "Estou pedindo para amigos e postando no Facebook, porque até agora ninguém foi encontrado", admitiu.

Glauce aconselhou o cadastro no banco de medula óssea. “Esse é o primeiro passo para salvar alguém. Quanto mais pessoas se cadastrarem, mais chances o paciente tem”, afirmou. Mesmo com 130 mil cadastrados no Estado, somente quatro doadores foram convocados, conforme a mãe de Jhonny.

Mesmo com boa parte de Campo Grande no banco de medula, Glauce ainda insiste no cadastramento. “Inconscientemente a pessoas que não se cadastra se torna cúmplice da morte da outra. Quando ela se nega a doar, indiretamente também é responsável”, cobrou.

Outro paciente que não resistiu a doença foi Caroline Flores de Leno, a Carolzinha, 12, o “rosto” da campanha de doação de medula óssea. Por conta de uma infecção, a menina foi internada na madrugada de domingo (21), mas não resistiu.

Lucéia explicou que doadores de medula óssea compatíveis com os pacientes não são fáceis de serem encontrados, já que o DNA define a quem poderá ser o doador.

Para quem se interessou com o cadastro, Lucéia enumerou quem pode se entrar no banco de doadores. “Precisa ter entre 18 e 54 anos e não ter tido Hepatite B e C”. O cadastro poder ser realizado na Santa Casa.

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