Capital

Comentário sobre travestis foi estopim para assassinato de mulher no Caiobá

Viviane Oliveira e Marcus Moura | 08/06/2017 12:02
Genilson está preso desde terça-feira à noite, quando se entregou à polícia (Foto: André Bittar)
Genilson está preso desde terça-feira à noite, quando se entregou à polícia (Foto: André Bittar)

“Não sou um monstro, que todos pensam”, diz Genilson Silva de Jesus, 41 anos, que na noite de domingo (5), matou a mulher, Ramona Regilene Silva de Jesus, 44 anos, com 10 facadas, sendo nove na região do peito e uma nas costas.

O fato aconteceu na casa do casal, no residencial Celina Jallad, na Rua Rosa Ferreira Pedro, no Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande. Após o crime, Genilson fugiu para a casa da irmã, no Bairro Danúbio Azul. Ele se entregou à polícia, na noite de terça-feira (6).

Segundo o homem, que vivia com a mulher há 5 anos, a briga começou após ele mexer com um grupo de travestis. O casal havia passado à tarde na casa de uma das irmãs da vítima e voltava para o residencial, quando Genilson avistou as travestis e comentou que elas eram mais bonitas que muitas mulheres.

Ramona não gostou do comentário. Os dois, então, passaram a discutir ainda na rua. A briga se estendeu até o residencial. “A gente tinha passado o dia consumindo bebida alcoólica. Em casa, ela começou a me ofender até que pegou uma faca e tentou me golpear”, contou Genilson durante coletiva de imprensa nesta manhã, na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Descontrolado, Genilson tomou a faca de Ramona e a matou com 10 golpes. “Ela era bipolar, ciumenta e possessiva. Não sou um mostro. Depositei todas as minhas esperanças nela. Tudo que tinha era dela”, diz o agressor ao lado dos advogados de defesa. Contudo, a Polícia Civil não acredita nesta versão do acusado.

Cômodo ficou cheio de sangue. (Foto; divulgação/Polícia Civil)
Casal estava há 5 anos juntos. (Foto: reprodução/Facebook)

Conforme a delegada Anne Karine Sanches, testemunhas relataram que Genilson continuou com as agressões, mesmo com a mulher caída ao chão. “As testemunhas afirmam que o autor quem era possessivo e ciumento. Inclusive, a mulher queria separar, mas ele não aceitava o fim”, explica. O relacionamento do casal era conturbado, marcado por idas e vindas.

Genilson vai responder por feminicídio, qualificado por motivo fútil. A discussão, segundo a autoridade policial, começou no quarto. A vítima estava em pé, quando recebeu as primeiras facadas.

No cômodo, ficaram marcas de sangue no chão e nas paredes. Depois de receber alguns golpes, Ramona ainda correu para frente da casa e atravessou a rua. Genilson foi atrás, deu uma rasteira na vítima e acabou de lhe matar na frente dos vizinhos.

Testemunhas ainda tentaram segurar o autor, que correu para uma área de mata atrás do bairro, chamou um Uber e fugiu para a casa da irmã. Revoltados, os vizinhos quebraram e atearam fogo no carro dele.

Genilson não tinha passagens por violência doméstica, apenas por ameaças a uma outra pessoa. De janeiro até agora, já foram registrados cinco feminicídios na cidade, sendo 7 tentativas. Em 2016, foram sete mortes.

Nos siga no