Com valores populares, TVs a cabo dominam periferia
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As TVs por assinatura deixaram de ser um item de luxo há alguns anos, apesar do crescimento das instalações em bairros que não fazem parte da classe média alta, o acesso a TV a cabo nas periferias da Capital chama a atenção de quem passa pelas ruas.
Na Cidade de Deus, bairro localizado próximo ao aterro sanitário de Campo Grande, não é preciso esforço para encontrar casas com antenas de várias operadoras diferentes.
Além das residências construídas pelo poder público e repassada aos moradores mediante o pagamento de uma taxa, a TV a cabo também está presente nos barracos levantados por moradores que aguardam uma nova residência. Na casa da babá Rozângela de Jesus, de 35 anos, a imponente antena destoa do cenário comum das comunidades de baixa renda.
“Faz duas semanas que a gente contratou a TV e é uma maravilha. Tem um monte de canais e as crianças adoram os desenhos”, conta a mulher que mora com a filha e o marido e possui uma renda mensal de R$ 400.
A casa é simples, apenas dois cômodos abrigam a família. As paredes foram construídas com tábuas, lonas e placas de publicidade e a antena foi instalada em uma das paredes mais resistentes da casa.
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Rozângela conta que o acesso aos canais fechados sempre foi um sonho para a família, mas o alto valor sempre foi um obstáculo para a realização do desejo. “Há um tempo era muito caro, hoje em dia não é barato, mas a gente consegue pagar fazendo um sacrifício”, explica a babá.
Com a renda de R$ 400, fruto do trabalho como babá e dos bicos feitos pelo marido como pedreiro, a família compromete 12% do salário para ter direito aos canais de filmes e desenhos. “Pagamos R$ 50 e é um dinheiro suado pra gente, mas vale muito a pena”, conta a mulher.
Pai de dois filhos, Bruno do Carmo, de 28 anos, também vive na Cidade de Deus. A casa do moto entregador foi adquirida por meio do programa de habitação do Governo Estadual e chama a atenção em razão das duas antenas instaladas.
Bruno teve o primeiro contato com a TV por assinatura há 6 meses, os filhos de 7 e 2 anos foram os mais beneficiados om a novidade. “Para eles é uma maravilha, eles vão para a escola e depois ficam em casa assistindo desenho. Eu acredito que influência na educação deles e facilita para minha esposa que fica com eles durante o dia”, afirma.
Há poucos meses, insatisfeito com os canais da antiga operadora, Bruno trocou de empresa e agora tem acesso a maior variedade de canais pagando menos pelo serviço. “Aqui a gente paga R$ 52,90 e é um valor bem gasto, meus filhos gostam bastante”.
E a satisfação das crianças é perceptível, durante o tempo que a reportagem esteve na casa, os pequenos não tiraram os olhos do desenho Turma da Mônica, o preferido do filho mais novo.
Facilidade – Moradora do bairro Nova Capital, residencial vizinho as Moreninhas I, a dona de casa Adriana Maria Moreira, de 32 anos, instalou a TV a cabo há 1 mês na residência de um cômodo.
Diferente do motivo da maioria dos pais, Adriana conta que a instalação da antena tem como justificativa principal o noticiário nacional. “Eu gosto muito de assistir jornal, mas gosto de saber das coisas que acontecem em São Paulo e com os jornais da TV normal é muito difícil”, conta a dona de casa.
A mulher tem 4 filhos e logo depois da contratação da empresa, o marido ficou desempregado e a renda da família caiu pela metade. Apesar das dificuldades, ela garante que a TV por assinatura vai continuar sendo usada pela família.
“Vamos continuar com a TV, é uma maravilha. Agora que a gente acostumou, quero ver quem tira”, brinca a dona de casa.