Capital

Com saúde em crise, obras de UPAs param e são tomadas por pichadores

Aline dos Santos | 26/09/2014 15:07
UPA na Moreninha está pronta, mas vem sendo destruída por vândalos (Foto: Marcelo Victor)
UPA na Moreninha está pronta, mas vem sendo destruída por vândalos (Foto: Marcelo Victor)
No Bairro Santa Mônica, só dois operários davam sequência a obra ontem (Foto: Marcelo Victor)

Morando em frente à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Mônica, a dona de casa Leriana Moura de Jesus, 24 anos, precisa sair do bairro quando precisa de atendimento médico para a filha de um ano e sete meses. “Vou na Vila Almeida. Mas uma vez não tinha pediatra e fui até no Coronel Antonino”, conta. Ela reclama que a obra está parada há oito meses.

Na manhã desta sexta-feira, a reportagem esteve na obra, lançada em 18 de agosto de 2012 e com investimento de R$ 3 milhões. Após tanto tempo, a placa do governo federal, parceiro no custeio do projeto, tombou. Dentro do canteiro de obra, estavam somente o vigia e dois funcionários de uma empresa de videomonitoramento, responsáveis pela instalação de oito câmeras.

Enquanto a UPA segue longe da população, cercada por tapume metálicos e com pichações, José Clailton da Silva, 44 anos, reclama que chegou a desmaiar na UPA Vila Almeida à espera de atendimento. “Cheio demais, terrível. Tenho pressão alta e cheguei a cair lá dentro”, diz.

Para ele, que também é vizinho da obra, falta interesse do poder público. “Com um mês isso estaria funcionando”, afirma. Na rede pública, a opção mais perto para os moradores do Jardim Santa Mônica, é o posto de saúde na Vila Popular. Porém, a maioria recorre direto à unidade da Vila Almeida, que tem mais recursos para atendimento.

José contou que chegou a desmaiar a espera de atendimento médico na Vila Almeida (Foto: Marcelo Victor)
Orlando Luiz afirmou que pichadores inauguraram a obra da UPA da Moreninha (Foto: Marcelo Victor)
Obra está pronta, mas não foi inaugurada e está com vidros quebrados (Foto: Marcelo Victor)

No segundo bairro mais populoso de Campo Grande, a UPA das Moreninhas nem foi inaugurada e já é retrato de abandono. Em uma das portas, vidros quebrados. As paredes foram tomadas por pichações. Na entrada, o barro ocupa o lugar que deveria ser da calçada.

“Os pichadores inauguraram a obra”, afirma Orlando Luiz, 65 anos. O garapeiro trabalha em frente ao local há três anos. “Faz seis, sete meses que ninguém mexe aqui. Paradeira mesmo”, diz. A unidade de R$ 3,6 milhões vai substituir o Centro Regional de Saúde, que funciona ao lado.

Com duas obras sem previsão de entrega, Campo Grande conta, atualmente, com três UPAs: Coronel Antonino, Vila Almeida e Universitário. Sobrecarregadas, as estruturas acabam fazendo às vezes de hospital, com pacientes internado por mais de 24 horas. A situação levou o MPE (Ministério Público Eleitoral) a publicar recomendação cobrando aumento de leitos nos hospitais da cidade.

A UPA é destinada aos atendimentos de urgência e emergência, num serviço intermediário entre a atenção básica e a unidade hospitalar. Ao dar entrada na unidade, o paciente é classificado de acordo com a gravidade. A classificação de risco é que determina a ordem de atendimento.

Prefeitura abandonou a obra, mas pichadores não, eles "renovaram" a pintura (Foto: Marcelo Victor)
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