Capital

Com mais de 50 dias de estiagem, setembro mantém cara de agosto

Elverson Cardozo | 03/09/2012 18:25

A estação meteorológica da Base Aérea registrou 23ºC às 6h, com 28% de umidade relativa do ar. Às 16h30, a temperatura era de 33ºC e umidade estava ainda mais baixa, a 16%

Moradores do São Conrado sofrem com o tempo seco. A maior parte do bairro não tem asfalto. (Foto: Simão Nogueira)
Moradores do São Conrado sofrem com o tempo seco. A maior parte do bairro não tem asfalto. (Foto: Simão Nogueira)

Agosto foi embora, mas o tempo seco, típico deste período, parece não ter se importando com a chegada de setembro, o mês das flores. A poeira e as altas temperaturas ainda não se despediram de Campo Grande, que não vê resquício de chuva desde o dia 16 de agosto, quando foram apenas 3 milímetros.

Considerando a última chuva significativa, em 8 de junho, já são 53 dias de estiagem.

Nas ruas, do centro aos bairros, o mal estar continua e só piora com a falta de chuva. A segunda-feira (3) amanheceu agradável, com temperatura amena, na casa dos 20ºC, mas o céu claro veio coberto de névoa seca e o calorão não demorou a ressurgir.

A estação meteorológica da Base Aérea registrou 23ºC às 6h, com 28% de umidade relativa do ar. Às 16h30, a temperatura era de 33ºC e umidade estava ainda mais baixa, a 16%. Para amanhã, novamente a umidade deve permanecer em baixa, segundo alerta da Defesa Civil.

O corpo sente, pede socorro, mas o sol continua irredutível. Julie Emmely Carvalho Andrade, de 18 anos, já sentiu os efeitos do tempo seco. O filho Igor, de 2 meses, também. Há poucos dias foi parar no médico por conta da tosse seca.

Para lidar com situação, Julie recorreu aos velhos truques: o da toalha molhada, da bacia com água embaixo da cama e da hidratação. Melhora, mas não resolve, afirma a mãe.

Moradora do São Conrado, Josefa Rosimeire, de 43 anos, não aguenta mais limpar poeira no mercado em que atende. Como o bairro não tem asfalto o trabalho é dobrado. “Isso aqui parece faroeste com a poeira subindo”, brinca.

“Isso aqui parece faroeste com a poeira subindo”, brinca a comerciante Josefa Rosimeire, ao falar sobre o clima no bairro São Conrado. (Foto: Simão Nogueira)

A vizinha, Sirlene Barbosa Delmondes, de 35 anos, que também tem um comércio, já considera 2012 o pior ano no quesito “tempo seco”. “Essa noite foi muito quente”, disse.

Em casa, afirmou, todo mundo sofre. A filha mais nova, Larissa, de 6 anos, “vive com a garganta inflamada” e sempre tem recaídas por conta da baixa umidade. “Não saio do plantonista”, destacou.

Na UBSF (Unidade Básica da Saúde da Família) do bairro São Conrado o número de pacientes diagnosticados com problemas respiratórios aumentou desde julho.

Segundo o cínico geral Chaud Salles, de 37 anos, que atende na unidade, o acréscimo foi de aproximadamente 35%.

Hoje, dos 24 pacientes atendidos, pelo menos 9 apresentavam sintomas típicos do tempo seco, como garganta irritada, tosse, rouquidão e coriza.

“O maior problema é em pacientes que moram em casas sem laje. O contato da lã da telha é um fator que predispõe à alergia”, explicou, acrescentando que pacientes idosos, com doenças concomitantes como diabetes e colesterol, sofrem mais nesta época do ano.

Entre os cuidados, Salles recomenda a umidificação constante dos ambientes, tomar bastante água e fazer a higienização nasal com soro fisiológico.

Previsão – Mas o tempo seco deve continuar. A previsão para esta terça-feira (4) é de tempo claro com períodos de parcialmente nublado e névoa seca à tarde, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A máxima pode chegar a 31ºC e a mínima não passa dos 19ºC.

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