Capital

Com dívida milionária, donos de bufê famoso enfrentam ações na Justiça

Advogados afirmam que todas as festas contratadas serão realizadas nos termos dos contratos.

Ricardo Campos Jr. | 09/04/2018 14:05
Fachada do salão Golden Class, em Campo Grande (Foto: Marina Pacheco)
Fachada do salão Golden Class, em Campo Grande (Foto: Marina Pacheco)

Ação de despejo contra a empresa Clube Social do Parque, que alugava o espaço de festas Golden Class, deixou inseguros os clientes do Buffett Paladar, um dos mais conhecidos em Campo Grande, que haviam fechado contrato para formaturas e casamentos no local. As duas empresas pertencem aos mesmos donos, o casal Fernando e Regina Canappele, que somente pelo uso do espaço deviam R$ 1,6 milhão.

Com medo de calote, comissões de formatura e clientes de outros tipos de festa entraram com processos na Justiça pedindo para rescindir os compromissos firmados para a realização dos eventos. Todos estão preocupados que a companhia não tenha condições econômicas para realizá-los nas datas previstas.

É o caso da comissão de formatura dos alunos de Medicina Veterinária da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Eles terminam o curso no fim de 2018 e a festa de comemoração estava prevista para o ano que vem.

Somente de entrada eles pagaram R$ 30 mil, mas ainda restavam parcelas pendentes ao longo dos próximos meses.

O juiz Atílio César de Oliveira Junior, da 12ª Vara Cível, determinou a suspensão dessas prestações e o sequestro de R$ 53.125 em bens do buffett para garantir o ressarcimento, caso seja esta a decisão final tomada pelo magistrado.

Fato semelhante aconteceu com os estudantes de Direito da instituição de ensino pública. A festa de formatura deles foi orçada em R$ 84,8 mil. Quando souberam da ação de despejo eles procuraram os donos da empresa e conseguiram adiar a data de vencimento de um dos boletos esperando que a situação dos alugueis se resolvesse.

Contudo, eles descobriram que o juiz havia autorizado na época os donos do Golden Class a retomarem o prédio e o alugassem a quem quem desejassem.

A comissão tentou anular o contrato, mas o Paladar exigiu o pagamento da multa de 30% prevista no contrato e os alunos moveram uma ação na Justiça. O caso também caiu na 12ª Vara Cível e o juiz Oliveira Junior determinou o cancelamento da dívida dos universitários e o sequestro de R$ 46,4 mil em bens da empresa.

Os advogados de defesa esclareceram que houve acordo com os donos do salão para manter as festas agendadas até dezembro de 2018 mediante o pagamento de R$ 15 mil antes da realização de cada evento.

A comissão não se convenceu, dizendo que o espaço é apenas um dos termos do contrato e a simples solução desse problema não garante que a formatura será realizada, já que a empresa dona do buffett tem outras dívidas. Ainda não houve sentença.

Outro lado – A advogada Rosana Zorato, que trabalha no escritório que representa Fernando e Regina Canappele, afirma que o problema dos alugueis afeta somente a empresa Clube Social do Parque.

Segundo ela, em audiência de conciliação, foi estabelecido que os donos do Golden Class terão que respeitar toda a agenda de eventos firmados pelo Buffett Paladar até dezembro deste ano. Para isso, deverá ser paga a quantia de R$ 15 mil em até 72 horas antes do evento.

Comissões de formatura e noivos que já estão com as festas pagas não precisarão se preocupar, conforme a advogada, já que a empresa arcará com esse custo sem nenhuma cobrança extra aos clientes.

No caso dos clientes que ainda não quitaram o contrato, os R$ 15 mil serão abatidos dos valores pendentes, devendo ser pagos diretamente aos donos do salão. O restante deverá ser entregue ao buffett conforme acordado em contrato.

Já os clientes das festas marcadas para o ano que vem devem procurar a empresa para discutir as possibilidades, diz a advogada, entre elas, a troca do local do evento.

Rosana atesta que desde a formulação desse acordo, todos os eventos contratados foram realizados e que a empresa honrará com seus compromissos.

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