Capital

Ernesto Geisel é cenário de precariedade e solução deve demorar mais de 1 ano

Paula Vitorino | 29/09/2011 14:37

Moradores tem medo de erosões e enchentes. Motoristas dirigem em meio à falta de sinalização, rachaduras e buracos.

Erosão ameaça camada de asfalto na pista da Ernesto Geisel.(Fotos: Pedro Peralta)
Erosão ameaça camada de asfalto na pista da Ernesto Geisel.(Fotos: Pedro Peralta)
Em alguns trechos, camada de asfalto é destruída pela erosão.

Uma das principais avenidas de Campo Grande, a Ernesto Geisel virou sinônimo de buracos, enchentes, má sinalização e perigo constante para motoristas e moradores da região. E a situação precária da via deve continuar, pelo menos, por mais dois verões, segundo a Prefeitura Municipal.

“A próxima chuva vai levar tudo. O asfalto está todo rachando. O medo é constante, a gente mora ao lado do perigo”, diz a cabeleireira Lindinalva Neres, de 57 anos.

Com cerca de 15 km de extensão, a via liga os extremos da cidade, desde o bairro Estrela do Sul até o Aero Rancho, mas os condutores tem de ser malabaristas para definir em qual pista seguem, já que as faixas estão apagadas em praticamente toda a avenida, e desviar das erosões.

“Eu não passo naquela pista – ao lado do córrego – nem pagando”, diz o auxiliar de vendas Rodson de Arruda, de 24 anos, sobre como é dirigir em meio as erosões da via.

A Ernesto Geisel está entre vias com mais números de acidente na Capital. Segundo a Ciptran, entre janeiro de 2010 e agosto deste ano foram 310 acidentes na avenida. No mês passado, um homem de 62 anos morreu após cair dentro do córrego, próximo a Euler de Azevedo, que não tem nenhuma proteção ao redor.

Mas para os pedestres, o perigo também passa debaixo dos pés. “Eu morro de medo de atravessar essa passarela, nem olho para baixo. Quando chover ninguém vai conseguir passar por isso aqui”, diz a funcionária do Shopping Norte Sul, Regina Guimarães, de 58 anos.

Atravessando a via pela passarela de pedestres da ponte, a auxiliar de serviços gerais Elenir Campos, de 43 anos, diz também ter medo de “um dia passar pela ponte e o asfalto cair. A gente não sabe como está corroendo essa erosão”, explica.

Córrego está assoreado e leito próximo ao nível do asfalto. (Foto: Paula Vitorino)

Córrego raso, mais enchente - Basta olhar para o córrego na região do bairro Jockey Clube para ter a sensação de que o córrego está cada vez mais subindo, com o leito próximo do nível do asfalto.

“Está muito raso o córrego, quando chover vai encher muito rápido. Precisa de uma solução, não é possível que um engenheiro não veja que é preciso aumentar o leito do rio”, diz Aparecido dos Santos, de 50 anos.

A população ainda aponta que os entulhos e terra jogados no fundo do córrego, durante as obras de construção do muro de arrimo, contribuíram ainda mais para o assoreamento do leito.

“Só pioraram ainda mais o assoreamento do córrego. Encheu o fundo de entulhos”, afirma Lindinalva.

Para o comerciante Claudio da Silva, de 41 anos, a situação da avenida só piora a cada dia. Ele ainda se recupera do prejuízo de R$ 40 mil com as chuvas passadas e teme os próximos danos. Ele aterrou o local onde mora depois do prejuízo e subiu a estrutura em cerca de 2 metros.

“Está tudo caindo. As casas têm rachaduras enormes, o asfalto com erosão. Na chuva passada isso aqui virou o rio Aquidauana e não resolveram nada, dessa vez não sei o que pode acontecer”, teme.

Moradores alevou comércio e casa para escapar das enchentes.
Muro de arrimo já está encoberto em vários trechos por causa dos desmoronamentos.

Obras - Após os estragos com as chuvas deste ano, a Prefeitura Municipal iniciou obras emergências na avenida para conter as erosões e enchentes. Mas parte das obras já caiu, como o muro de arrimo construído em trechos no bairro Jockey Clube, que não conseguiu conter os desmoronamentos.

O secretário de obras do município, João de Marco, não soube detalhar quanto foi gasto nesta obra, mas garantiu que a empreiteira só recebeu pelo “que ficou de pé”.

Ainda segundo o secretário, os problemas na via só serão resolvidos definitivamente com obras grandes e que a revitalização da via já está definida, com recursos liberados de R$ 40 milhões pelo projeto do PAC2. Mas as obras só devem começar no próximo ano, com duração prevista de ao menos 12 meses.

“O recurso já foi liberado e a licitação para contratação da empresa deve ser aberta ainda neste ano, mas vamos estar no período de chuvas e aí as obras só devem começar em 2012”, justifica.

A revitalização da avenida promete resolver os problemas de erosão, que já engolem parte do asfalto em alguns trechos, os alagamentos e a sinalização. Mas o projeto só compreende o trecho entre as ruas Santa Adélia e Campestre, com aproximadamente 8 km, e considerado mais crítico.

No restante da avenida serão feitas obras pontuais, de emergência, com recursos municipais, segundo de Marco.

Já o guard rail – proteção metálica às margens do córrego – tem previsão de ser colocado até julho de 2012, segundo o contrato com a empresa vencedora da licitação. A obra custará R$ 889 mil.

Sobre a segurança no tráfego da via, de Marco garante que “se o tráfego está liberado é porque tem segurança”. No entanto, ele não informou se existem avaliações de engenheiros já feitas no local e se há previsão de alguma das pistas ser interditada.

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