Capital

Carla não teve paz nem depois de morta: assassino violou corpo em banheiro

Marcos André Vilalba de Carvalho, de 21 anos, está preso preventivamente e confessou crime

Marta Ferreira | 17/07/2020 15:40
Túmulo de Carla, no cemitério Santo Amaro, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)
Túmulo de Carla, no cemitério Santo Amaro, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)

Não houve paz nem depois da morte para Carla Santana Magalhães, a jovem de 25 anos moradora no Bairro Tiradentes, em Campo Grande, vítima de crime digno de repulsa, no dia 30 de junho. A família só pode se despedir dela, da pior forma, três dias depois, quando foi achada morta, na esquina de onde morava, em 3 de julho, logo ao amanhecer.

O assassino confesso, Marcos André Vilalba de Carvalho, de 21 anos, violou o cadáver da moça, depois de tê-la atacado na rua, levado para a casa dele, aplicado golpe mata-leão, esfaqueado a vítima no pescoço e ainda produzido corte horizontal, um rasgo, na jugular, como se tivesse tentado degolar o cadáver.

Tecnicamente, o ferimento chama-se esgorjamento e está descrito no laudo da necropsia. O número de furos a faca chegou a cinco. Carla, diante desses golpes, morreu por choque hipovolêmico, a popular hemorragia.

Absurdo sem fim - Foi mais abjeto ainda. Segundo os levantamentos feitos pelo Campo Grande News sobre o cenário do crime, Marcos André levou a vítima inerte para o banheiro da edícula onde vivia, para lavar o corpo. Cometeu, então, o crime definido como vilipêndio a cadáver: ele violou sexualmente a jovem que acabara de assassinar.

No primeiro depoimento, confrontado com a presença de evidências de sangue por todo o imóvel, Marcos André disse não se lembrar de nada. 

Além de tirar o sangue do corpo, que foi achado seco, sem secreções aparentes, ele até tentou limpar o lugar, mas ficaram resquícios, debaixo da cama, onde Carla, já morta, ficou por duas noites, na porta do banheiro e em outros pontos. As roupas dela, que saiu de casa vestida de short e camiseta, foram jogadas fora. 

Exame com a substância luminol, reagente capaz de fazer restos de sangue brilharem no escuro, deu positivo. Agora, falta o resultado da comparação laboratorial para definir se é mesmo da jovem de 25 anos.

O criminoso chegou a afirmar que as manchas avermelhadas eram consequências de ferimentos nele mesmo. Alegou machucar-se ao se masturbar com objeto simulando um pênis. Demonstrou, inclusive, como faz esse instrumento, com panos e saco plástico.

As condições nas quais corpo de Carla foi encontrado levam os investigadores a suspeitar que o rapaz usou o objeto para torturar a vítima. Ele negou. 

Admitiu ter usado a faca contra ela, depois de vê-la passar, quando bebia na frente de casa, e tê-la dominado sozinho. 

Como o Campo Grande News mostrou em reportagem de ontem, a diferença de porte físico dos dois, e a pouca distância entre a moradia de cada um, tornam esse roteiro plausível para o assassínio.  

Exposta - Além da morte física violenta da forma como foi, a memória de Carla também foi alvejada. Uma investigação desse tipo, a partir de um sumiço, começa justamente por entender quem é a vítima. 

A vida dela, os ex-namorados, as amizades mais próximas, o celular, algo tão particular hoje em dia, foram devassados à procura de pistas.

Nada disso levou ao matador, embora fosse estritamente necessário. Ele estava ao lado da casa, mas era um estranho para a jovem.

Ainda assim, relatou que sentia desejo de vingança contra Carla por um episódio na vida: citou encontro na rua no qual ela não correspondeu ao bom dia dele. 

Crimes – Preso preventivamente desde o dia 14 de julho, Marcos André foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por feminicídio, em razão de menosprezo à condição de mulher.

Pela violação ao corpo, poderá ser enquadrado em vilipêndio a cadáver. Existe ainda a dúvida sobre a possibilidade de inclusão do ilícito penal de ocultação do corpo. 

Como se trata de réu preso, a peça investigatória precisa ser concluída até o dia 24 deste mês, pois o prazo legal em situações do tipo é de 10 dias. 

Marcos André, preso assassinato de Carla. (Foto: Direto Das Ruas)

Depois disso, passa a ser papel do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) oferecer a denúncia para a análise do juiz responsável pelo processo, Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. 

Ao magistrado, cabe conduzir a ação, ouvindo testemunhas de defesa e acusação, interrogando o réu e ouvindo alegações das partes para, então, decidir se o acusado vai ser levado ao júri popular. Marcos André ainda não tem defesa constituída. 



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