Capital

Campanha na Capital quer inibir esmolas para tirar pedintes das ruas

Bolsos com mais dinheiro e corações enternecidos pela solidariedade potencializam as doações

Aline dos Santos | 18/12/2014 11:06
O objetivo é reduzir a presença de moradores de rua (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
O objetivo é reduzir a presença de moradores de rua (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Inibir a doação de esmola para que os pedintes troquem as ruas pelos serviços de assistência do poder público. Esse é o objetivo da campanha “Não dê dinheiro, espalhe essa ideia”, realizada nesta quinta-feira no Centro de Campo Grande.

A SAS (Secretaria Municipal de Políticas e Ações Sociais e Cidadania) trabalha com a estimativa de 184 moradores de rua na Capital. Contudo, o número tende a crescer no fim do ano, quando bolsos com mais dinheiro e corações enternecidos pela solidariedade potencializam as doações.

“A concorrência é bastante desleal com a rua. Temos que esclarecer as pessoas do trabalho de assistência. Acolhe, procura a família”, afirma a diretora de proteção social especial da SAS, Mônica Sueli Nonato de Castro. A orientação é para que as pessoas acionem o serviço social ao ver um pedinte perambulando pelas ruas.

Segundo Mônica de Castro, a maioria dos moradores de rua é formada por usuários de drogas. Ela também explica que a prefeitura não pode simplesmente recolher os pedintes, pois a constituição garante o direito de ir e vir. Portanto, o trabalho é de convencimento. A situação é diferente no caso das crianças, que devem ser levadas para os órgãos de assistência.

De acordo com a diretora, tem gente que ganha pedindo em uma semana o que levaria um mês para conseguir trabalhando. “As doações aumentam porque a sociedade fica mais sensível. Acha que doando está fazendo um bem”, diz.

Comida e história – Alertada pela campanha, a caixa Patrícia Silva, 33 anos, admite que acaba doando dinheiro, dependendo da história de necessidade contada pelo pedinte. “Já doei sim. Às vezes precisa comer alguma coisa”, afirma.

Temendo o desvio de finalidade, ou seja, que o dinheiro vá para compra de drogas ou bebida alcoólica, a babá Francisca Nizelda da Silva, 57 anos, opta por doar alimento. “Dou um prato de comida. Porque dinheiro nem para a gente tem”, afirma.

A campanha distribuiu 200 mudas de plantas, 600 canetas e sementes. “A pessoa não é diferente da planta. Precisa oferecer condições para que ele se desenvolva. A rua pode desencadear aquilo que não é saudável, como uso de drogas, exploração sexual”, afirma Mônica Castro.

Novo endereço – A rede atendimento aos moradores de rua tem o Centro POP (Centro Especializado em Atendimento a População em Situação de Rua), o Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social) e o Cetremi (Centro de Triagem e Apoio ao Migrante). Além de parcerias com Cedami (Centro de Apoio aos Migrantes) e Lar São Francisco de Assis

Em janeiro de 2015, o Centro POP será transferido do Parque dos Poderes para a rua Maracaju. A mudança é para facilitar o acesso. O local tem média de 45 atendimentos por dia. São oferecidos oficinas socioeducativas, espaço para higiene pessoal, alimentação e orientação sobre acesso a documentos. O centro funciona de segunda a sexta-feira.

Também será realizada uma pesquisa em parceria com o MPE (Ministério Público Eleitoral) para contabilizar o número real da população de rua em Campo Grande. O telefone de contato da assistência social é o (67) 8405-9528.

De acordo com Mônica Castro, pesquisa vai revelar total da população de rua na cidade. (Foto:Marcelo Calazans)
Francisca prefere doar prato de comida. (Foto: Marcelo Calazans)
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