Capital

Bancos seguem com expediente reduzido, mesmo após tudo liberado na cidade

População ainda sofre com horários diferentes, mas entidade não prevê voltar ao atendimento normal

Adriel Mattos, Cristiano Arruda e Jhefferson Gamarra | 06/10/2021 16:17
No Bradesco da 13 de Maio, a espera passava de uma hora. (Fotos: Marcos Maluf)
No Bradesco da 13 de Maio, a espera passava de uma hora. (Fotos: Marcos Maluf)

Apesar da maioria dos serviços ter retornado nos últimos meses após a pandemia de covid-19 arrefecer, os bancos ainda continuam atendendo com expediente reduzido, o que ainda dificulta a vida dos clientes. As filas em frente às agências já se tornaram rotina.

O Campo Grande News foi a quatro agências e constatou que a espera chegava a duas horas. Na unidade do banco Bradesco da Rua 13 de Maio, a falta de dinheiro em um dos caixas eletrônicos na manhã desta quarta-feira (6) agravou ainda mais a situação.

“É uma sacanagem com a gente, principalmente para quem vem de fora. O banco tem problema e nós somos prejudicados”, disse o lavrador José Carlos de Oliveira, de 53 anos, que estava esperando para sacar o salário há duas horas.

Na mesma via, em uma agência da Caixa Econômica Federal, várias pessoas também aguardavam atendimento. O eletricista Adilson Alecrim dos Santos, de 45 anos, foi descontar cheques de clientes e ainda esperava por uma senha.

“Fico aqui 30 a 40 minutos esperando por uma senha. Preciso vir no horário de trabalho e isso me atrapalha”, contou.

Já na agência do Banco do Brasil, localizada no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua 13 de Maio, apesar da fila, os clientes não relataram dificuldades. “Estava lotado como sempre, essa agência é a maior e costuma ser sempre assim, vem muita gente, então não tem muita diferença a questão do horário. Vim hoje presencialmente porque tinha que depositar uma quantia alta na boca do caixa, mas o resto faço tudo pelo aplicativo”, afirmou o auxiliar de manutenção Damião Nogueira, 29 anos.

“Todo começo de mês eu venho sacar meu dinheiro, pego preferencial e nem espero muito. Eu adorei esse novo horário da manhã, resolve as coisas cedo e o dia rende mais. Hoje tive que vir no horário do almoço porque meu filho me trouxe”, contou a aposentada Dalva Oliveira, 69 anos.

Na agência do banco Santander da Rua Barão do Rio Branco, a fila também era enorme. “Na verdade eu não sei até que horas eles atendem, vim aqui porque me deram os documentos para abrir conta- nessa agência, estou aqui na fila tem uns 45 minutos, ninguém passou para dar nenhuma informação. O que eu posso dizer é que está demorando muito e as pessoas ficam aglomeradas da mesma forma na fila e do lado de fora da agência”, relatou Jean Felipe Santos, 33 anos.

Na mesma rua, em uma agência da Caixa, clientes chegaram a esperar mais de duas horas.

Nada muda - O Campo Grande News questionou a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) sobre a possibilidade de retomada das atividades, mas a entidade limitou-se a informar em nota que continua em vigor uma circular do Banco Central do Brasil que delimita o atendimento das 9h às 10h exclusivamente para clientes prioritários, como idosos e gestantes, e das 10h às 14h para o público em geral.

A presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região, Neide Rodrigues, disse que a categoria tenta convencer a Febraban a retomar os serviços, mas ainda não tiveram resposta.

“A maioria dos bancos já começou a convocar os funcionários essa semana. Estamos discutindo com a Febraban essa volta, porque a população está perdida”, afirmou.

Além disso, Neide aponta que a categoria vem sofrendo com o excesso de trabalho. “Os bancos demitiram durante a pandemia e querem digitalizar os serviços. E com essa volta, essas vagas não foram repostas. E mesmo na pandemia, continuou a pressão para bater metas, então estamos tendo muitos afastamentos por motivos psicológicos”, relata.

“Nós já questionamos alguns bancos, mas dizem que o quadro de funcionários está completo. Há casos de agências com 24 funcionários na folha de pagamento e só dez trabalhando. E a maioria afastada, enquanto continua a cobrança e ameaça de mais demissões. Não querem contratar, mas a população não pode ser penalizada”, completou a presidente do sindicato.

Reclamações - O Procon/MS (Superintendência para a Orientação e Defesa do Consumidor) vem recebendo um volume cada vez maior de reclamações, já que existe leis estadual e municipal que limita a 15 minutos o tempo máximo de espera por atendimento.

“Só essa semana autuamos três bancos por manter clientes esperando acima de 15 minutos. Já enviamos ofício à Febraban pedindo a volta ao normal e esperamos resposta em dez dias. O Procon é a favor da volta dos horários normais. Temos recebido um volume altíssimo de reclamações”, disse o superintendente do Procon, Marcelo Salomão. Foram autuadas duas agências do Banco do Brasil e uma do Santander.

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