Capital

Bairro criado em 1921 para abrigar militares na Capital chega aos 94 anos

Liana Feitosa | 01/12/2015 11:55
Aos 60 anos, Adil Barbosa, o Xyrú, conta que nasceu no coração do bairro, na rua Terenos. (Foto: Marcos Ermínio)
Aos 60 anos, Adil Barbosa, o Xyrú, conta que nasceu no coração do bairro, na rua Terenos. (Foto: Marcos Ermínio)

Quando Adil Barbosa de Souza era menino, o campo de terra usado por ele e amigos para jogar bola ficava em um trecho da avenida Afonso Pena que ainda não era asfaltado. Hoje, o homem, conhecido como Xyrú, tem 60 anos e muitas histórias para contar sobre a região que sempre foi a casa dele: o bairro Amambaí, o primeiro de Campo Grande e que, hoje (1), completa 94 anos de história.

"Na Afonso Pena, até o trilho tinha asfalto, pra cima dele, era terra. No ponto em que a avenida cruza com a Ernesto Geisel existia uma ponte de madeira, onde fica o Horto Florestal, tinha o poção, um lugar onde a gente gostava muito de tomar banho", conta Xyrú, que passa seus dias em um pequeno comércio, uma garapeira, na Rua dos Barbosas, no mesmo bairro onde nasceu e cresceu, o Amambaí.

Projeto - A região é alvo de audiência pública que discutirá amanhã (2) a implantação de um Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável no auditório do Senac, às 18h. Encabeçado pela vereadora Luíza Ribeiro (PPS), o projeto quer valorizar a região.

"Temos 70% da rede hoteleira da cidade neste bairro, a sede de importantes federações como a Fiems (Federação das Indústrias de MS) e Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de MS), monumentos e patrimônios tombados como a Morada dos Baís, a escola Maria Constança Barros Machado, a Associação Okinawa, diversas igrejas e sedes de igrejas", detalha a vereadora.

Ao ir embora de Aquidauana para a Capital do Estado, Yolanda se instalou com a família no Amambaí e, 52 anos depois, continua no bairro. (Foto: Marcos Ermínio)

Objetivo - O bairro foi criado para se tornar morada oficial de militares e, claro, abrigar unidades oficiais do Exército e da Aeronáutica. Surgiu após plano da Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil que estabeleceu um centro onde se localizam casas comerciais, sede de alguns órgãos públicos na cidade e o bairro ferroviário, que abrigou conjunto de serviços e residências dos trabalhadores da estrada de ferro.

"É por isso que esse bairro abriga um conjunto muito forte de valores que precisam ser pensados para o presente e o futuro", completa Luíza.

Num espaço de tempo que compreende o passado, mas se estende até os dias atuais, Xyrú compartilha recordações da região. Ele nasceu na rua Terenos, que hoje começa na avenida Bandeirantes e termina na Praça das Araras. Morou ali durante 45 anos e sonha com o dia em que ganhará na loteria para poder comprar de volta a casa e ali morrer.

 

A região é o lar de Maria de Fátima há 30 anos. (Foto: Marcos Ermínio)

Carinho - Ao longo da vida, fez de tudo um pouco, inclusive foi jogador de futebol profissional por 10 anos em times como Operário e Ponte Preta. Depois disso, foi para a construção civil. O último edifício que construiu também fica no bairro Amambaí, ao lado de onde funciona sua garapeira.

O mesmo amor pela região nutrido por Xyrú é possível encontrar na costureira Yolanda Pereira Espíndola, que há 52 anos mora no Amambaí. Ao mudar de Aquidauana para a Capital do Estado, se instalou ali e nunca mais saiu. No local, criou os três filhos e viu toda a família crescer.

"Adoro aqui. Meu filho, que é casado, mora aqui, minha irmã também. Os vizinhos conhecem a gente e um cuida do outro, é uma delícia", considera Yolanda.

A região também é, há 30 anos, o lar de Maria de Fátima, de 54. "Moramos aqui desde 1984. Aqui criei meus filhos, hoje casados. O bairro é muito acolhedor, tranquilo, perto do Centro. Vou à pé para o Centro. É um privilégio morar aqui", finaliza.

Nos siga no