Capital

Audiência discute banco de cordão umbilical, dois anos após morte de bebê

Natalia Yahn | 19/03/2016 16:26
Timóteo morreu no dia 21 de abril de 2014, quando tinha apenas três meses de vida, e se tornou símbolo da criação de um Banco de Cordão Umbilical Público em Campo Grande. (Foto: Reprodução / Facebook)
Timóteo morreu no dia 21 de abril de 2014, quando tinha apenas três meses de vida, e se tornou símbolo da criação de um Banco de Cordão Umbilical Público em Campo Grande. (Foto: Reprodução / Facebook)

Após quase dois anos da morte do bebê Timóteo Aydos, que tinha uma doença rara e precisava de transplante de medula, a implantação do Banco Público de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário do Estado de Mato Grosso do Sul volta a ser discutida. 

A convocação da Defensoria Pública do Estado foi publicada no DOE (Diário Oficial do Estado) dessa sexta-feira (18). Toda a população foi convidada para a audiência, no dia 5 de abril, das 13h30 às 17 horas. 

Entre os assuntos a serem discutidos está o planejamento – local, verbas, profissionais, equipamentos – e ainda questões financeiras para a implantação do banco na Capital. O assunto será discutido entre profissionais, especialistas e gestores públicos na tentativa de elaborar encaminhamentos que ajude a viabilizar o projeto.

Pela segunda vez o assunto é tema de uma audiência pública marcada para o dia 5 de abril, em Campo Grande, a reunião aconteceu no dia 23 de setembro de 2015. Na época o Campo Grande News mostrou que a Capital foi escolhida em 2013, pelo Governo Federal, para sediar um banco público de sangue do cordão umbilical. Porém, as tratativas para a implantação do serviço ainda não começaram e o projeto segue no papel.

O oncologista Marcelo dos Santos Souza, que atua nos hospitais Regional e Universitário, explicou que a União repassa R$ 3,5 mil por cordão armazenado. O material é colocado dentro de um recipiente com nitrogênio líquido onde cabem cinco mil amostras. A manutenção dos materiais envolve apenas a reposição do nitrogênio que os mantém na temperatura ideal.

Segundo ele, o espaço também poderia ser utilizado para transplante de medula óssea, que atualmente ainda não é realizado em Mato Grosso do Sul. “É totalmente viável e necessário. Estamos deixando de tratar muitos pacientes que poderiam ter a chance de cura e hoje não chegam ao tratamento porque não têm tempo viável para serem encaminhados para fora (do Estado)”.

O defensor público Nilton Marcelo de Camargo, responsável pela audiência pública explicou que o estado conta somente com um banco particular, onde o material pode ser usado somente pela pessoa que pagou para armazená-lo. Caso o projeto saia do papel, o sangue entraria para um cadastro nacional e poderia ajudar pessoas em outros estados, assim como as pessoas de Mato Grosso do Sul seriam beneficiadas da mesma forma.

Mobilização – A instalação do banco de cordão umbilical ganhou força em 2014, com a morte do bebê Timóteo Aydos, com apenas três meses. Com uma doença rara, HLH – que tem como característica a agressão da defesa do organismo contra o próprio corpo – o garotinho mobilizou muitos campo-grandenses, que se cadastraram para serem doadores de medula.

Mas o doador foi encontrado tarde demais, somente dias após a morte do menino. E na época o número de pessoas compatíveis com Timóteo impressionou até mesmo o Hemosul, seis pessoas que poderiam ter doado medula para ele foram encontradas.

A campanha em busca de uma medula compatível a de Timóteo começou quando o bebê ainda tinha um mês de vida. Foi organizada pela família e membros da igreja frequentada pelos pais do bebê – Diego Recena e Ana Paula Aydos –, mas mobilizou também pessoas de várias partes do Brasil.

O impacto foi tamanho que em poucos dias de campanha, os bancos de sangue de Campo Grande somaram o montante de doações de sangue conseguidas em um mês. O aumento na Capital foi de 200%.

A criação de um centro especializado aumentaria as chances de encontrar um doador compatível para quem depende do tratamento. O banco de Cordão Umbilical Público também é considerado vital, já que armazena tecidos sanguíneos contidos no cordão de um recém-nascido, que contêm as células-tronco capazes de criar os principais componentes do sangue humano, medula óssea e do sistema imunológico.

A audiência pública para discutir a criação do banco de cordão umbilical será realizada na Escola Superior da Defensoria Pública, na Rua Rui Pires Barbosa, n° 1519, no Bairro Chácara Cachoeira.

Nos siga no