Capital

Atropelados por viatura, namorados morreram no caminho do trabalho

Filipe Prado | 11/11/2015 10:48
O pai disse que o filho foi buscar a namorada e seguia para o trabalho (Foto: Pedro Peralta)
O pai disse que o filho foi buscar a namorada e seguia para o trabalho (Foto: Pedro Peralta)

O pedreiro Adriano Souza de Oliveira, 30 anos, morto atropelado durante perseguição, na manhã de ontem (10), da PF (Polícia Federal) na BR-163, entre as saídas de Cuiabá e Três Lagoas, estava a caminho do trabalho no Indubrasil, que havia conquistado há uma semana, quando ocorreu o acidente. A vítima foi buscar a namorada, Aparecida Rodrigues de Azevedo, 41, que também morreu no acidente.

O pai do pedreiro, Eli Bragança de Oliveira, 58, contou que o filho estava no relacionamento há nove meses, sendo que ele havia se mudado para a casa da namorada. Aparecida trabalhava a noite, como faxineira, na saída para Cuiabá, e ele a buscava todos os dias, antes de ir para o serviço.

O emprego foi conquistado há mais ou menos uma semana. Eli explicou que o filho passou por cirurgia para tratar de uma hérnia, por isso demorou a conseguir um novo trabalho. “O meu filho era humilde, mas tinha muito caráter”, comentou.

Sobre o filho, Eli só teceu elogios. “Ele era sossegado e muito brincalhão. Meu companheiro”, lembrou. A última vez que eles se viram foi no último sábado (7), momento em que o pai se emocionou, ao lembrar de seus costumes. “Ele veio e me pediu benção. Não vemos mais pessoas que fazem isso e ele não parava de fazer”, comentou.

A morte de Adriano foi considerada tragédia para a família. O atropelamento ocorreu na manhã de ontem, porém Adriano foi informado sobre a morte do filho somente ao 12h, por um vizinho que viu a notícia na televisão. “Não está sendo fácil”, afirmou Eli.

A família está indignada com a situação do acidente. "Nada vai trazer ele de volta, mas achamos que foi um descaso", sobre o atendimento da PF. 

Namorada – O Campo Grande News não conseguiu contato com a família de Aparecida, mas de acordo com a família de Adriano, a mulher está sendo velada em casa.

Ao morar com a namorada, Adriano também assumiu o cuidado com os filhos da mulher. Ela morava com cinco crianças, sendo três filhos e dois netos, além da mãe. Eles ainda não haviam planejado o casamento, mas conseguiram comprar um barraco, onde estavam morando.

Ela trabalhava para sustentar as cinco crianças e também a mãe. “Ela ganhava lanche no trabalho todos os dias, mas não comia tudo, porque levar para os netos”, lembrou Eli.

Acidente – O acidente aconteceu durante perseguição a um veículo Duster, de cor branco, que, segundo informações, estava carregado com drogas. Testemunhas afirmaram que a viatura da Polícia Federal seguia pela contramão, quando perderam o controle da direção e capotaram atingindo o Corsa Sedan, onde estava o funileiro Antônio Muniz, 56, e a motocicleta, com Adriano e Aparecida.

A Polícia Civil compareceu ao local, porém as investigações foram realizadas pela Polícia Federal. Viaturas do Corpo de Bombeiros, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e CCR MSVia foram acionadas para atender a ocorrência.

Os policiais que estavam na viatura, Claiton Luiz de Melo e Claudemir Natalino Alves, foram encaminhados para a Santa Casa, onde passaram por avaliação médica, sendo internados em seguida para observação. Eles sofreram apenas escoriações pelo corpo.

O Campo Grande News entrou em contato com Polícia Federal, mas a assessoria de comunicação disse poderá responder aos questionamentos somente no período da tarde e o delegado responsável não está autorizado a falar com a imprensa.

Os casal trafegava na motocicleta quando ocorreu o acidente (Foto: Marcos Ermínio)
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