Capital

Atraso em repasse faz funcionárias de creche paralisarem atividades

Flávia Lima | 19/03/2015 11:20
Funcionárias permaneceram em frente à creche para avisar aos pais sobre a paralisação. (Foto:Marcelo Calazans)
Funcionárias permaneceram em frente à creche para avisar aos pais sobre a paralisação. (Foto:Marcelo Calazans)
Maria Helena apoia protesto mesmo sem ter com quem deixar a pequena Isabela

O atraso no repasse anual de R$ 200 mil pela prefeitura de Campo Grande, levou os 14 professores e funcionários da creche Lar do Menino, Jesus, mantido pelo Instituto Jesus Adolescente a cruzarem os braços na manhã desta quinta-feira (19). A entidade fica na Vila Marli e atende 71 crianças com idade entre 6 meses e três anos, que tiveram acabaram voltando para casa.

De acordo com a presidente da Sealba (Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado de Mato Grosso do Sul), Maria Joana Barreto Pereira, a verba é destinada apenas para cobrir a folha de pagamento, e com o atraso na liberação, o instituto mantenedor não dispõe de recursos para efetuar o pagamento dos salários.

Ela explica que pelo fato de a verba ser dividida em nove parcelas, a entidade mantenedora precisa promover ações beneficentes para garantir o 13º salário e as férias de janeiro dos funcionários. “Qualquer imprevisto fica impossível cobrir, já que os mantenedores arcam com grande parte dos gastos com recursos próprios”, explica. A primeira parcela deveria ter sido paga em fevereiro.

Segundo a diretora da creche, que preferiu não se identificar, as demais despesas somam R$ 50 mil anuais, que são supridos com almoços e atividades promovidas para arrecadar fundos. Parte da alimentação oferecida às crianças também é bancada pela prefeitura, através do setor de merenda escolar, no entanto os pais estão contribuindo levando frutas e carne, já que nem sempre o arrecadado com as ações beneficentes é suficiente.

A diretora afirmou que a prestação de contas da entidade é feita com rigor. A secretária de Educação do município, Angela Maria de Brito informou à diretoria do Instituto que o convênio já está assinado, mas devido aos trâmites burocráticos, a liberação deve ocorrer apenas dia 5 de abril.

“Esperamos a sensibilidade do poder público em realmente cumprir com essa data porque até lá as funcionárias, que incluem recreadoras, cozinheiras e serviços gerais, ficarão sem pagamento”, diz a presidente da Sealba.
Ela revela que das 40 entidades que tem funcionários representados pelo sindicato, a Associação Clube de Mães Unidos Venceremos, que mantém a creche João Paulo 2º e o Recanto São João Bosco, também passam dificuldades de vido ao atraso nos repasses, no entanto as atividades não foram paralisadas.

Apoio - Mesmo correndo o risco de perder a oportunidade de um novo emprego, a dona-de-casa Maria Helena Fonseca não critica a paralisação. A filha Isabela, de 1 ano, é atendido na creche desde os seis meses e ela afirma que nunca pensou em tirá-lo do lugar. “Aqui as crianças tem um atendimento especial. Todas são muito dedicadas, temos que ficar do lado delas porque já conhecemos a seriedade do trabalho. Abri mão de uma entrevista de trabalho para ficar aqui hoje, mas é por uma boa causa”, diz.

A funcionária pública Lucimar da Cruz também decidiu faltar do trabalho esta semana para ficar com a neta Isabela, de 1 ano. Ela considera a reivindicação justa, mesmo com a confirmação do repasse no próximo mês. “Ninguém consegue ficar sem pagamento. Todo mundo tem compromisso por isso é importante ficar aqui apoiando", acredita. dona

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