Capital

Atraso em obra deve agravar caos nas férias e no fim de ano no aeroporto

Lidiane Kober | 05/10/2013 10:00
Usuários disputam lugar em meio a lotação do Aeroporto de Campo Grande com a suspensão de voos noturnos (Fotos: Marcos Ermínio)
Usuários disputam lugar em meio a lotação do Aeroporto de Campo Grande com a suspensão de voos noturnos (Fotos: Marcos Ermínio)

O atraso no início das obras na pista do Aeroporto Internacional de Campo Grande deve esticar a suspensão de voos noturnos até o período de festas de fim ano e agravar o caos de quem deixa para viajar na época de mais movimento. Desde primeiro de setembro, os voos à noite estão cancelados e os usuários acumulam prejuízos, com o aumento no preço das passagens e com os transtornos diante da redução de voos e da superlotação do aeroporto em horários de pico.

De acordo com a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), anteontem (3), a Anfer Construções e Comércios Ltda assinou ordem de serviço para executar a obra, orçada em R$ 13,1 milhões, a partir desta sexta-feira (4). O serviço, ainda segundo o órgão, iniciará com o treinamento do pessoal e levantamentos topográficos.

Os trabalhos começam com 33 dias de atraso. Pelo cronograma inicial, a primeira etapa da obra seria feita de primeiro de setembro a 20 de outubro e a segunda fase terminaria em 15 de novembro. No período, os voos seriam suspensos das 21h às 7h. Na terceira etapa, de 15 de novembro 13 de janeiro de 2014, a via seria interditada das 23h às 5h.

O cronograma, inclusive, levou em conta o movimento maior de final de ano, daí a redução do horário de suspensão de voos noturnos no período de festas. O problema é que com o atraso de 33 dias a lógica é a primeira etapa encerrar em 24 de novembro e a segunda, um mês depois, na véspera de Natal.

A Infraero, porém, informou que “por enquanto o cronograma continua o mesmo”. O fato é que é praticamente impossível terminar um serviço de 50 dias em 17 dias, para dar sequência ao cronograma inicial.

Questionada sobre o desafio, a empresa disse que apenas na próxima semana, depois de concluído o levantamento topográfico, poderá se manifestar. A Infraero frisou ainda não tomar nenhuma decisão sem antes consultar todos os envolvidos no processo.

 

A empresária Ana Carolina está perdendo tempo e dinheiro diante da redução de voos
A taxista Lígia perdeu 50% da renda mensal com a suspensão dos voos noturnos

Transtornos e prejuízos – Antes mesmo do aumento do movimento, a suspensão de voos noturnos está gerando prejuízos e transtornos, principalmente, a empresários, políticos e autônomos. “Com a redução dos voos diretos, perco pelos menos três horas em outros aeroportos”, relatou o senador Delcídio do Amaral (PT), que vai e volta de Brasília toda a semana.

Para a empresária, Ana Carolina Lapicirelli, 31 anos, que viaja pelos menos quatro vezes por mês a São Paulo, a suspensão de voos noturnos está “terrível”. “Antes fazia um bate e volta e, em um dia, resolvia meus problemas, agora, perco três dias: um para ir, outro para reuniões e mais um para a viagem de retorno”, relatou. “Além do tempo que perco, gasto com alimentação e hospedagem”, acrescentou.

Os taxistas são outros que acumulam prejuízos, com a redução da arrecadação em até 50%. “Sem os voos noturnos, a renda baixou 50%”, disse a taxista Ligia Robert, 34 anos. Antes, ela trabalhava até duas da manhã. “O jeito é poupar”, comentou.

Elias Penna, 53 anos e pai de três filhos, viu sua renda baixar 30%. “Nos dias de folga, estou vendendo produtos de limpeza”, contou. Seu parceiro de táxi, segundo ele, está pegando outros veículos para compensar o prejuízo. “Todos estamos muitos preocupados, ainda mais agora com o atraso da obra”, comentou.

Além disso, com o fim dos voos noturnos, em horários de pico, como das 13h30 às 15h, o aeroporto vive lotado. Os passageiros enfrentam filas para embarcar e desembarcar, sofrem para conseguir um transporte para deixar o local e lutam para escapar das filas duplas na hora de ir para casa.

Filas passaram a ser comuns no aeroporto
Na hora de ir embora, mais filas
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