Capital

Às vésperas de sair da favela, moradores vivem ansiedade de entrar na casa nova

Aliny Mary Dias | 08/10/2014 12:30
Moradores vão deixar Portelinha e se mudar para nova casa em 29 de outubro (Foto: Marcelo Calazans)
Moradores vão deixar Portelinha e se mudar para nova casa em 29 de outubro (Foto: Marcelo Calazans)

A felicidade está estampada no rosto de quem há tempos não tinha motivos para sorrir. A um dia de assinar o contrato que dará o passaporte do barraco da favela para a casa nova, os moradores da Portelinha, no bairro Morada Verde, vivem a ansiedade e planejam vida nova.

Das cerca de 200 famílias que vivem no local, 73 delas ainda possuem problemas na documentação e não entraram no sorteio das casas. Mas a maioria daqueles que vivem há mais de 5 anos na favela já fez a vistoria na casa nova e amanhã (8) assina o contrato.

Aos 37 anos, Arlete da Silva vive há sete na Portelinha, ela é uma das primeiras moradoras do lugar e precisou recorrer a um barraco de lona e madeira depois que pagar o aluguel se transformou em missão impossível. Mãe de dois filhos e sem emprego fixo, Arlete não vê a hora de receber as chaves da casa nova.

“Eu nem acredito que vamos assinar o contrato, vai ser uma alegria muito grande sair desse lugar onde passamos tantas dificuldades e ir para nossa casa. Vou começar tudo do zero porque a maioria dos móveis não dá para levar, mas só de ter um teto já é uma felicidade imensa”, diz.

Arlete vive há 7 anos no local e vive ansiedade de casa nova (Foto: Marcelo Calazans)

Outra que esbanja alegria para todos os lados e viu as gargalhadas se tornarem comuns no dia a dia é a dona de casa Keila Branco, 29 anos. Ela vive com o marido, um filho e está grávida do segundo. Há uma semana, ela foi vistoriar a casa nova depois de ter sido sorteada e foi difícil sair do futuro novo lar.

“Eu entrei lá e não quis sair, queria colocar um lençol no chão e dormir lá mesmo. A casa é muito linda e será uma alegria muito grande sair daqui e ir para um lugar que será nosso de verdade”, desabafa.

Além do contrato com a Emha (Agência Municipal de Habitação), os moradores irão assinar contratos com as concessionárias de luz e água. A entrega das chaves está marcada para o dia 29 de outubro quando os moradores poderão, enfim, se mudar para os residenciais Ary Abussafi e Gregório Corrêa. Além dos moradores da Portelinha, também serão beneficiados moradores de favelas dos bairros Montevidéo e da Rua Marquês de Herval.

Aos 23 anos, a jovem Elineida Gomes irá morar pela primeira vez na casa própria e deixará para traz os cinco anos de sofrimento vivendo dentro de um barraco.

Alguns moradores ainda têm pendências na documentação e não foram sorteados (Foto: Marcelo Calazans)

“Aqui quando chove é melhor ficar para fora de casa porque molha mais lá dentro. Não é fácil, passamos por muitas coisas difíceis, mas agora nos planejamos para a vida nova e torcemos para que todos consigam sair daqui”, diz a jovem.

Casas - As 313 casas foram construídas com recursos do PAC II (Programam de Aceleração do Crescimento) Segredo/Taquari, com investimentos de R$ 27,4 milhões, sendo R$ 18,7 milhão de recursos federais e o restante de contrapartidas do Estado e Município.

As casas possuem medidas padrão de 4,18 m², com sala/cozinha, dois quartos, banheiro e área de serviço.
De acordo com assessoria de imprensa da prefeitura, serão entregues 482 casas no Bairro Moreninha IV e 812 apartamentos, combatendo o déficit habitacional, que em 2010 chegou a 28 mil casas, para famílias com renda mensal de 0 a 3 salários mínimos.

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