Capital

Após promessa de reunião, catadores suspendem protesto no lixão

Paulo Yafusso e Thiago de Souza | 21/03/2016 16:42
Polícia de um lado e catadores de outro; após desbloqueio de BR e promessa de reunião, protesto foi encerrado nesta tarde (Foto: Fernando Antunes)
Polícia de um lado e catadores de outro; após desbloqueio de BR e promessa de reunião, protesto foi encerrado nesta tarde (Foto: Fernando Antunes)

A promessa de que uma comissão de catadores será recebida na terça-feira (22) pelo procurador do Trabalho Paulo Douglas, para discutir o fechamento do lixão de Campo Grande, fez com que os manifestantes terminassem o bloqueio da estrada que liga a UTR (Usina de Tratamento de Resíduos Sólidos) à BR-262. O protesto começou no início do fim da manhã desta segunda-feira (21) e, por volta das 16h30, eles começaram a retirar os móveis velhos e madeiras que foram incendiados para impedir a passagem em sete pontos da via.

Em vários momentos o clima ficou tenso. A ponto de muitos temerem o confronto com policiais militares e integrantes da Guarda Municipal.

Um dos lideres do movimento, Rodrigo Leão Marques, explicou que os catadores decidiram suspender os manifestos até o fim da reunião que foi marcada para esta terça-feira, às 14h no Ministério Público do Trabalho. No encontro a comissão vai apresentar as reivindicações, que são a reabertura do lixão para que os catadores possam voltar a trabalhar no local, ou então a readequação da UTR para atender mais trabalhadores.

Rodrigo Leão diz que a UTR terá que passar por uma readequação ou então terá que ser construída uma nova unidade. É que na Usina trabalhavam 88 pessoas e mais 80 foram contratados. Segundo ele, a estrutura disponível não comporta atender a demanda, que é muito grande. Edna Velasques, que participou da manifestação nesta segunda-feira, afirma que os que foram acomodados na UTR agora estão recebendo apenas R$ 100 por semana, valor insuficiente para o sustento das famílias.

O padre Agenor Martins da Silva, da Paróquia Nossa Senhora da Guia e que há 6 anos trabalha com as famílias da Cidade de Deus, formada basicamente por catadores de material reciclável, diz que todos ali são trabalhadores e muitos estão vivendo em situação precária. “Todos aqui são trabalhadores, ninguém é vagabundo. Já conseguimos umas 200 cestas básicas, mas nem os nossos doadores aguentam ajudar muito tempo. O que eles (os catadores) querem é conseguir o pão de cada dia”, afirma o religioso.

“É irregular fechar a BR, mas é a única ferramenta que eles têm para tentar conseguir meio de sustento das famílias”, diz o padre. Os moradores disseram que decidiram bloquear a estrada com a queima de móveis velhos e madeiras, depois que o Batalhão de Choque, após desobstruir a BR-262, lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes e alguns desses artefatos atingiram os barracos onde moram.

A PM diz que ninguém ficou ferido, mas os manifestantes garantem que uma senhora teve ferimentos leves. Os manifestantes também suspeitaram que um deles havia sido detido, mas o policial responsável pela operação esclareceu que dentro da viatura estava um PM a paisana, que é do serviço reservado da corporação.

Catadores ainda durante bloqueio a acesso ao lixão (Foto: Fernando Antunes)
Catador mostra cartuchos de balas de efeito moral suados pelo Choque (Foto: Fernando Antunes)
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