Capital

Após políticos, dono de frigorífico vira réu por exploração sexual de crianças

Zeca Lopes rebate denúncia do Gaeco e se diz vítima de armação

Flavio Paes e Ricardo Campos Jr. | 28/11/2015 10:31
Delação de Otero levou a denúncia contra dono de frigorífico (Foto: Arquivo)
Delação de Otero levou a denúncia contra dono de frigorífico (Foto: Arquivo)

Com a decisão do juiz da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, Marcelo Ivo de Oliveira, que acatou a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o empresário José Carlos Lopes, dono do Frigorífico Frigolop, transformou-se em réu pelo envolvimento com exploração sexual de criança e adolescente, associação criminosa e estupro. No mês passado, o empresário prestou depoimento na fase de instrução criminal, tendo sido conduzido de forma coercitiva, com escolta policial até o Fórum. Todo o processo corre em segredo de justiça. O empresário nega participação no esquema e se diz vítima de armação.

No último dia 9 de outubro, o juiz aceitou a denúncia contra o empresário Zeca Lopes e três mulheres: Rosedelia Alves Soares, Jorsiane Soares Correia e Monica Matos dos Santos, apontadas como agenciadoras das meninas exploradas sexualmente. Na última quinta-feira, por 2 votos a 1, a 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça negou o habeas corpus, mantendo a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Ivo.

O nome das agenciadoras e do empresário foram citados por Fabiano Otero, que em abril fez acordo de delação premiada e no dia 1º de outubro foi beneficiado com prisão domiciliar. Fabiano foi preso após tentar extorquir o ex-vereador Alceu Bueno usando imagens gravadas por duas meninas, que tiveram encontros sexuais com ele e com Sergio Assis. Além das imagens em vídeo, também foram apreendidas fotos nos celulares das adolescentes.

Versão - Lopes classifica a denúncia como "lamentável" e diz que as acusações contra ele não passam de armação, já que não há provas que o liguem ao esquema criminoso. Ele afirma ainda que só está sendo investigado porque fotos dele foram mostradas aos demais envolvidos, que teriam o apontado como suspeito. "Essa história é inventada", garante.

O empresário nega ter sido conduzido coercitivamente para depor na Justiça e diz que até o momento ele sequer teve direito a se defender. "Nunca fui intimado", disse.

Esquema - O caso começou a ser desvendado a partir de um Boletim de Ocorrência, registrado pela mãe de uma das adolescentes, em Coxim. A menor foi encontrada, dia 23 de março, na casa de Fabiano, com outra menina de 15 anos, que revelou o esquema a uma conselheira tutelar.

Segundo a adolescente, ela saiu com o Alceu Bueno dias 21 e 22 de março. O encontro foi orquestrado por Fabiano e Luciano Roberto Pageu, dono da empresa Grupo Altar, responsável por organizar eventos religiosos. Justamente por ser proprietário da empresa, Pageu tinha contatos de políticos e outros empresários. Com a agenda em mãos, via WhatsApp, Fabiano supostamente se fazia passar pelas adolescentes e marcava os encontros.

Pageu foi preso no 22 de abril, juntamente com o ex-vereador Robson Martins, no momento em que recebiam R$ 15 mil de Alceu no estacionamento de um supermercado. O próprio vereador denunciou a extorsão à polícia. Informações apontam que ele já teria pago aos dois aproximadamente R$ 100 mil

Fabiano e Luciano teriam intermediado o encontro sexual que foi gravado. De posse das imagens, o grupo passou a extorquir o vereador para que o caso não se tornasse público. Cansado das chantagens e alegando inocência, Bueno denunciou às autoridades que prenderam Robson e Luciano enquanto eles recebiam R$ 15 mil junto ao vereador. Informações da polícia apontam que antes, a dupla já havia faturado cerca de R$ 100 mil com o esquema .

O ex-vereador Alceu Bueno renunciou ao mandato para escapar da cassação. No início deste mês ele foi condenado a pena de oito anos e dois meses de reclusão e pagamento de multa, no processo em que foi acusado de compra de votos durante a eleição de 2012, que levou à cassação do seu mandato pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mesmo depois da renúncia.

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