Capital

Após novos testes, famílias denunciam aumento de casos de covid em presídio

Na quarta-feira, dia 29 de julho, a Agepen confirmou que 37 internos testaram positivo. Hoje o número pode chegar a 67

Geisy Garnes | 03/08/2020 17:26
O Instituto Penal de Campo Grande fica no Jardim Noroeste (Foto: Paulo Francis)
O Instituto Penal de Campo Grande fica no Jardim Noroeste (Foto: Paulo Francis)

Novos testes feitos dentro do Instituto Penal de Campo Grande detectaram um aumento de internos contaminados com pelo coronavírus. O número oficial ainda não foi divulgado, mas familiares de presos denunciam um salto de 30 casos confirmados em poucos dias.

Na quarta-feira, dia 29 de julho, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) confirmou que 37 internos da unidade penal testaram positivo para o vírus. Todos eles foram isolados, segundo a administração. Nessa segunda-feira (3), no entanto, familiares procuraram a equipes de reportagem e afirmaram que o número já chega a 67.

O motivo para a disseminação do vírus, contam, é a inexistência de um sistema efetivo de isolamento dos presos contaminados. ““É um corredor, todo mundo respira o mesmo ar. A cela de isolamento é ao lado da dos que não estão contaminados. Vai virar holocausto, vai morrer todo mundo”, denunciou a mulher de um dos presos, que preferiu não se identificar.

Em 2015, o Brasil reconheceu o sistema carcerário do país como “Estado de Coisas Inconstitucional”. A situação confirmava a violação diária dos direitos humanos, garantido na Constituição Federal e em leis especificas, dentro das unidades penitenciárias. Cinco anos depois, o avanço da pandemia e as recomendações para frear o contágio do vírus, trouxeram o problema novamente para discussão.

Para a reportagem, mulheres dos internos destacaram ainda o problema diário da superlotação torna impossível a adoção de medidas sanitárias que impeçam a disseminação do coronavírus. “Em uma cela ficam 57 presos”, contou uma delas. Por isso, para elas, a única solução é liberar os presos que fazem parte do grupo de risco e aqueles que estão “perto de pagar a pena”.

Desesperadas, as famílias levaram o caso ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). “Queremos ajuda. Porque não liberar os que podem por tornozeleira e os que estão terminando a pena, para ficar em casa com as mulheres”.

Ao Campo Grande News a Agepen confirmou o aumento de casos, mas não divulgou o número oficial. Em nota, informou que o balanço de contaminados será lançado no relatório feito pelo Comitê de Gestão e Acompanhamento das Medidas de Enfrentamento à covid-19 da agência penitenciária.

Ainda conforme a agência, o isolamento social dentro da unidade respeita todos os protocolos de saúde. Dois solários foram reservados especificamente para os presos que testaram positivo. “No pavilhão 2, um solário é voltado para internos com Covid-19, que cumprem pena por crimes não sexuais; e no pavilhão 1, um solário foi reservado para presos por crimes sexuais.”

O isolamento também afetou o horário do banho de sol dos internos, que agora é diferente para contaminados com coronavírus, medida para evitar qualquer tipo de contato com os não infectados. “Se houver necessidade, será ampliado a quantidade de celas para realizar o isolamento social de forma segura e respeitando as medidas preventivas e de segurança”, informou a Agepen. 

Os cuidados também se estendem aos agentes penitenciários, que recebem equipamentos de proteção individual e informação sobre métodos de prevenção e cuidados durante expediente. Se testar positivo, o servidor é afastado e orientado a ficar em isolamento domiciliar pelo prazo determinado pelos profissionais de saúde.

“A Agepen informa que todos recebem os atendimentos médicos necessários e está sendo realizado o acompanhamento sistêmico da evolução da doença em casos detectados, bem como, tomadas todas as providências necessárias para contenção e prevenção de novos casos. Para isso conta com ação conjunta entre a Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio da Divisão de Saúde Prisional; Secretaria Estadual de Saúde; Secretaria de Saúde de Campo Grande; assim como, o apoio da equipe do infectologista Júlio Croda, Mariana Croda e enfermeiro e doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias, Everton Ferreira Lemos”. 

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