Capital

Após advogada surtar no tribunal, júri de rapaz que matou avó é retomado

Weikmam Agnaldo de Mattos Andrade da Silva, 23 anos, agrediu a avó até a morte em maio de 2016

Kerolyn Araújo e Ronie Cruz | 09/04/2019 10:10
Weikam agrediu a avó até a morte em maio de 2016 no Jardim Itamaracá. (Foto: Marina Pacheco)
Weikam agrediu a avó até a morte em maio de 2016 no Jardim Itamaracá. (Foto: Marina Pacheco)

Quase dois meses depois do júri de Weikmam Agnaldo de Mattos Andrade da Silva, 23 anos, ser suspenso, o julgamento foi retomado nesta terça-feira (9) na 1ª Vara do Tribunal do Júri. O réu foi declarado como indefeso, após a advogada ameaçar suicídio no tribunal.

Weikmam é acusado de agredir a avó, Madalena Mariano de Mattos Silva, 59 anos, até a morte em maio de 2016 no Jardim Itamaracá, em Campo Grande. Após cometer o assassinato, o rapaz ainda esfaqueou, abandonou o corpo em um terreno baldio e pegou um cartão bancário da vítima para simular um assalto.

Ao juiz Carlos Alberto Garcete, Weikmam disse no primeiro julgamento que matou a avó em um momento de raiva após uma discussão por causa de um celular e que a intenção não era cometer de o crime.

''Ela chamou a minha mãe de prostituta. Nesse momento, tive um sentimento de revolta e ódio. Na hora levantei da cama e a segurei com um golpe mata-leão. Só soltei quando vi que estava a enforcando. Ela caiu e bateu a cabeça no chão. Vi o sangue e me desesperei. Ainda tentei acordá-la, mas percebi que havia morrido. Sentei no sofá, chorei e percebi que havia acabado com a minha vida. Eu amava a minha avó. Não queria matá-la”, disse.

 

Casa em a vítima e o autor moravam juntos no bairro Itamaracá. (Foto: Leandro Abreu)

Depois de matar a avó, o neto tirou a roupa da vítima, lavou o corpo, enrolou em um edredom e abandonou em um terreno. Para não levantar suspeita, após o crime o réu saiu para comer sushi e foi a uma festa de aniversário.

Na época em que foi preso, o réu chegou a dizer que matou a avó para vender os pertences da casa e pagar uma dívida de R$ 3,7 mil. Ele morava com a vítima há 15 anos.

A irmã de Madalena, Erotilde dos Santos de Matos, foi ouvida nesta manhã e, ao juiz, contou que o sobrinho agiu normalmente após o crime. ''Ele estava calmo e sereno. Chegou a dizer que mataria quem matou a avó", disse. Ela só descobriu a autoria do crime quando a polícia chegou na casa da família e prendeu Weikmam. ''Criou ele a vida toda em troca de uma morte, um corpo jogado no mato'', disse.

Defesa - Weikam foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado pelo motivo fútil, ocultação de cadáver e fraude processual. Agora, a defesa, representada pelo advogado Cristiano Paim Gasparetti, tenta desqualificar as três acusações do MP sob alegação de que o réu agiu pela 'emoção'.

Julgamento suspenso - O primeiro julgamento, realizado no dia 19 de fevereiro, foi suspenso após a advogada de defesa apresentar comportamento estranho.

Durante o julgamento, ela chegou a chorar e a dizer que cometeria suicídio. Membros da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) acompanhavam a audiência e teriam sido avisados por conhecidos da advogada que ela estaria passando por problemas psicológicos.

Após o desabafo da advogada, o promotor público José Artur Iunes Bobadilha fez pedido ao juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, que presidia o júri, que declarasse o réu como indefeso.

O magistrado, por sua vez, disse que teria o poder de tomar a decisão, mas preferiu chamar os jurados para outra sala. A decisão foi unânime entre os componentes do júri, devido a advogada transparecer que não estava em condições de prosseguir com a defesa.

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