Capital

Antigos comércios viram depósito de recicláveis enquanto esperam revitalização

Paula Maciulevicius | 15/04/2011 07:51

Vizinhança afirma que catadores invadiram salão há quase 10 anos

Antigos comércios sofrem com desgastes do tempo à espera de revitalização. (Foto: João Garrigó)
Antigos comércios sofrem com desgastes do tempo à espera de revitalização. (Foto: João Garrigó)

Construções antigas que marcaram época de ouro dos tempos de ferrovia vivem hoje o abandono e descaso. A Avenida Calógeras, entre a Avenida Mato Grosso e Rua Barão do Rio Branco tem sete salões comerciais de portas fechadas, dois invadidos há quase 10 anos por catadores de materiais recicláveis. Apenas três são ocupados para comércio.

A ocupação dos salões por catadores aconteceu há pelo menos 10 anos. E de acordo com a vizinhança, o local já está com o segundo invasor. “Há muitos anos era um senhor, agora é uma mulher e um outro”, conta o comerciante de selarias Waldemar Siqueira, 83 anos.

Segundo os comerciantes, a invasão aconteceu por conta do descaso dos proprietários dos imóveis. A maioria dos salões fechados pertence ao mesmo dono que recebeu a herança e não paga IPTU, não reforma e nem vende o local.

“Vai fazer o que se o proprietário abandona? Se deixaram assim é porque querem que invada”, afirma o comerciante Odimar Siqueira, 48 anos.

A deterioração do imóvel feito de depósito de recicláveis é visível. Mal cuidado e com entulhos, o local aparenta servir também de moradia aos catadores. No interior, uma geladeira, armário de cozinha, televisão junto a papeis e papelão.

“Eles tem até luz, eletricidade. E água, vem pedir para a gente. E você tem que arrumar, vai negar água? E o medo de que aconteça alguma coisa no nosso comércio?” completa Odimar.

Salões invadidos há quase 10 anos são deteriorados e servem de ponto de coleta materiais recicláveis. (Foto: João Garrigó)

Os poucos comerciantes que ainda restam na região, vivem com medo e esperando pela revitalização do local. A sapataria do “seo” Heler Silveira Leite, 68 anos, está ali desde 1974. Segundo ele, depois da desativação da ferrovia, o movimento de clientes caiu, e com o abandono e a promessa de revitalizar, é preciso se manter com poucos serviços.

“Aqui está tudo acabando. O pessoal ali recolhe papelão, latinha e passa aqui em frente. Tem usuários ali atrás. Tudo isso espanta cliente”.

A decadência em que chegou os antigos prédios pode ser resumida nas palavras do sapateiro “bom de comprar, difícil de vender”, relata.

Conforme a vizinhança, a revitalização é promessa antiga, e por isso, os proprietários que mantém ativo o comércio não fazem reformas.

“Eles dizem que vão desapropriar aqui, depois fala que é só uma parte. Estamos esperando”, resume o sapateiro José Carlos Farias Pereira, 38 anos. Os comerciantes que mantém o serviço se vêem de mãos atadas ao descaso e abandono que virou a região.

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