Amigos de médico encontrado morto acreditam que ele foi assassinado
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“Aquele sorriso não era da boca para fora. Ele não era de guardar os problemas”, disse na manhã deste sábado (23) uma das colegas de trabalho durante o velório do médico Francis Giovanni Celestino, 31, encontrado morto com dois tiros de pistola 380 no peito, na manhã do dia 22, dentro de um BMW, em uma fazenda próxima a Sidrolândia, município a 70 quilômetros de Campo Grande. Os amigos da vida profissional não conseguem acreditar na hipótese de suicídio.
Os pais do médico vieram da região de Londrina (PR) para acompanhar o velório. Duas enfermeiras do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que preferiram manter o anonimato, disseram que o caso precisa ser investigado com muito cuidado.
Uma colega de Francis, de 38 anos, relatou as qualidades do médico. “Era muito humano, educado e recebia nossos pacientes muito bem”, comentou. Ela também relatou que acredita ter sido a última enfermeira a passar paciente para Francis, às 3 horas do dia 22.
“Ele era muito generoso, por isso era querido”, disse a colega. Ela contou que, em determinada campanha política em Sidrolândia, pessoas do assentamento onde Francis atendia pediram o retorno do profissional no atendimento da comunidade. “Sentimos essa dor como se fosse na própria carne”, continuou a amiga.
O médico registrou boletim de ocorrência 11 dias antes de ser encontrado morto. Segundo o documento, o clínico geral havia alegado à polícia que estava sendo coagido a trabalhar durante toda a noite e sem horário de descanso na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário, na Capital. Sobre esse fato, as colegas não veem relação com o caso. “Acho que ele fez isso para se preservar de alguma forma, de um problema futuro”, disse a amiga de 28 anos
“Foi algo inesperado e chocou a todos nós”, revelou uma amiga que faz residência junto com a esposa de Celestino. Ela disse que a polícia está investigando o fato, mas que ainda não há nenhuma novidade no caso, já que ela acompanhou a amiga nas últimas 24 horas.
O corpo do médico deve seguir para Londrina, ainda hoje, após a documentação ser liberada por um cartório de Sidrolândia.
Investigação
O delegado Edmilson José Holler trabalha com a hipótese de suicídio, já que Francis foi encontrado morto dentro do carro, que estava trancado e com a chave no contato. No peito, duas marcas de tiro de uma pistola Taurus calibre 380. “No boletim, ele disse que os colegas de profissão também estavam insatisfeitos com a obrigação de manter este ritmo de serviço na unidade de saúde. Ele pode ter se sentido pressionado”, explica Holler.
O médico foi encontrado com uma luva nas mãos. Medicamentos tarja preta estavam espalhados pelo veículo. Ele passava por tratamento psiquiátrico. A médica que o atendia será ouvida pelo delegado, para saber qual era o quadro de saúde de Francis nos últimos dias.