Capital

Alvo em ação do “banco fantasma” diz que há 8 anos não tem dinheiro público

"A CRED QUALI lamenta muito o envolvimento de seu nome para atingir indevidamente o Sr. Wilton Acosta", diz nota

Aline dos Santos | 29/09/2018 16:58
Imóvel tem estúdio à esquerda e Cred Quali funciona à direita. (Foto: Kissie Ainõa)
Imóvel tem estúdio à esquerda e Cred Quali funciona à direita. (Foto: Kissie Ainõa)

A Cred Quali, que foi alvo ontem (dia 28) de ação que investiga desvio de verba pública do Banco Cidadão, divulgou neste sábado que há 8 anos não recebe dinheiro público e funciona com a colaboração de 20 membros associados.

“Nenhum bem da CREDQUALI foi ou está em posse de qualquer particular, em especial do Sr. Wilton Acosta ou familiar. Não há e nunca houve desvios de recursos da CRED QUALI”, diz a nota à imprensa.

A Promotoria do Patrimônio apura desvio de dinheiro público do Banco Cidadão para pagar aluguel, material gráfico e veículos. No mês de agosto, reportagem do Campo Grande News mostrou que desde o fim de 2017 não tinha oferta de crédito, portanto um “banco fantasma”.

Conforme apurado pela reportagem, o banco, criado para emprestar dinheiro a juros baixos, recebeu R$ 700 mil. Um dos quatro mandados de busca e apreensão foi cumprido pela PF (Polícia Federal), em apoio ao MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), na casa de Wilton Acosta, ex-diretor-presidente da Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) e candidato a deputado federal pelo PRB.

De acordo com a investigação, entre segundo semestre de 2016 e primeiro semestre de 2017, o dinheiro teria sido usado “indevidamente para a aquisição de bens privados e pagamentos de despesas particulares de ex-dirigentes e membros do conselho deliberativo da Funtrab ”.

“Até a presente data a direção da CREDQUALI nunca foi convocada pelo MP ou Autoridade Policial para esclarecer qualquer dúvida, o que com certeza evitaria diligências desnecessárias e danos morais irreparáveis. A CREDQUALI lamenta muito o envolvimento de seu nome para atingir indevidamente o Sr. Wilton Acosta”, diz o comunicado.

Fantasma - Em tese, o banco funcionaria na Funtrab, localizada na rua 13 de Maio. Mas lá, após muito informação desencontrada, a reportagem encontrou apenas uma mesa e uma funcionária.

Outra informação repassada era de que o banco estava na rua 15 de Novembro, na sede da MIQ Cred Quali. Questionada sobre o paradeiro do dinheiro, a direção informou que a Cred Quali é uma oscip (organização da sociedade civil de interesse público), mas sem relação com o Banco Cidadão.

De forma contraditória, no mesmo dia, o então coordenador do banco disse ao Campo Grande News que Credi Quali era parceira no projeto e poderia informar a movimentação financeira e o total da inadimplência. Inclusive, indicou o endereço na 15 de Novembro.

Contradição – A Cred Quali compartilha imóvel com um estúdio de música na 15 de Novembro. “O ESTÚDIO 15 é uma escola de música da CREDQUALI, não pertencendo a nenhum particular. O referido estúdio funciona no mesmo endereço da CREDQUALI, por razões óbvias”, informa a nota.

Ontem, também em comunicado à imprensa, Acosta citou o estúdio. “Eu estranho o fato do envolvimento da Polícia Federal em uma investigação do Ministério Público Estadual. Ainda assim, afirmo que durante a visita da PF em minha residência e no estúdio de meu filho nada foi encontrado”. Ele ainda questiona a ação num período eleitoral.

O governo do Estado informou ontem (dia 28) que determinou à Funtrab e à CGE (Controladoria-Geral do Estado) que apurem se houve ocorrência de prejuízo aos cofres públicos.

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