Capital

Além de tráfico de drogas, região tem '25 de março' dos produtos roubados

Bianca Bianchi | 12/02/2016 07:56
A aparente tranquilidade da Rua Flauta, que concentra 4 pontos de venda de drogas (Foto: Alan Nantes)
A aparente tranquilidade da Rua Flauta, que concentra 4 pontos de venda de drogas (Foto: Alan Nantes)

Além do tráfico de drogas, becos no bairro Tiradentes, região leste de Campo Grande, concentram também a negociação de produtos furtados e roubados. Entre os moradores, não é incomum chamar o lugar de "25 de Março", em alusão à rua de São Paulo (SP) famosa pelo comércio popular – é considerada o maior centro comercial da América Latina.

O assassinato de um homem de 39 anos no bairro, na noite de quarta-feira (10), reacende a discussão sobre a falta de segurança ali. Em uma parte do Tiradentes, há cerca de 20 anos se concentram pontos de vendas de drogas: segundo moradores, em apenas seis quadras há não menos que quatro bocas de fumo.

A venda de drogas concentra-se principalmente na Rua Flauta. Nas quadras, vielas e becos próximos é que os ladrões chegam com a "mercadoria".

"Chegam com televisão, notebook, relógio e ouro. Vende rapidão. Vem muita gente de outros bairros procurando, porque sabe que aqui encontra", explica um jovem de 22 anos, que pediu para ter a identidade preservada.

O rapaz nasceu no bairro e mostra conhecer bem o movimento na região. O principal motivo das brigas e mortes ali é a disputa por pontos de drogas, diz ele.

"O fluxo ali é intenso, todo dia, o dia todo. Vem gente do Chácara Cachoeira, do Maria Aparecida Pedrossian, do Dahma. Se perde o ponto, perde a grana. Quem quer perder dinheiro?", detalha, citando moradores de bairros próximos dali como alimentadores do tráfico.

A polícia investiga, inclusive, se a morte de quarta-feira, a de Kleber Silvério de Souza, na esquina das ruas da Tuba e Orquestra, há uma quadra dos pontos de droga, estaria relacionada com vingança e tráfico. Para os moradores, não restam dúvidas quanto a isso.

Becos do Tiradentes, onde acontece o comércio de produtos roubados (Foto: Alan Nantes)

A equipe do Campo Grande News esteve no local na tarde desta quarta-feira e flagrou a movimentação de venda de drogas em plena luz do dia. Entre os traficantes, não é difícil encontrar crianças.

"Quem já é maior recruta a gurizada de 14, 15 anos. Sabe que não dá cadeia, não dá nada. E a gurizada entra. Porque depois de maconha, o que eles mais querem é dinheiro", afirma o jovem que assiste diariamente à realidade no bairro. A impunidade é um dos motivos apontados por outros moradores, além das autoridades policiais, para explicar como o crime perdura há tantos anos naquele local.

O Tiradentes é considerado uns do 10 bairros mais populosos de Campo Grande, com cerca de 22 mil habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos últimos oito anos, a construção de um hipermercado e de condomínios fechados próximo à região valorizaram o bairro e os imóveis.

Caso - Kleber Silvério de Souza, 39 anos, foi morto a tiros por volta das 19h de quarta-feira. De acordo com a polícia, a vítima estava sentado em frente de uma casa, quando dois rapazes em uma motocicleta se aproximaram, o passageiro desceu e atirou pelo menos seis vezes. Kleber chegou a ser socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas morreu a caminho de uma unidade de saúde. Um dos suspeitos foi preso horas depois. A arma usada no crime, que teria sido jogado na Lagoa Itatiaia, ainda não foi localizada.

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