Capital

Defesa diz que acusado de matar vigia não tem dinheiro para pagar fiança

Aline dos Santos | 16/07/2011 12:52
Airton está preso desde 7 de julho. (Foto: Pedro Peralta)
Airton está preso desde 7 de julho. (Foto: Pedro Peralta)

Acusado de espancar o vigia Adelson Eloi Nestor de Almeida até a morte, Airton Colognesi, de 30 anos, vai continuar no Presídio de Trânsito por não ter R$ 5.450 (dez salários mínimos) para pagar fiança.

O valor foi estipulado pelo juiz Alexandre Ito, em substituição na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Advogada do preso, Cleuza Ferreira da Cruz Mongenot chegou a pedir isenção, ou seja, que nenhum valor fosse pago para Airton ser posto em liberdade, mas o magistrado negou.

A defesa alega que ele é programador de computador e trabalha de forma autônoma, sem renda fixa. Para o juiz, falta comprovação de que o preso não possui condições suficientes para pagar o valor da fiança. “Cadeia no Brasil é assim, rico sai e pobre fica”, afirma a advogada.

Ela apresentou à justiça uma declaração de pobreza assinada por Airton. A advogada conta que não cobrará para defendê-lo, pois é amiga da família. O preso é casado e pai de três crianças. Agora, a defesa vai pedir habeas corpus ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Airton está preso em flagrante desde 7 de julho. Segundo o magistrado, ele é primário e não tem maus antecedentes. Na decisão, o juiz também enfatiza que não há elementos suficientes para classificar o crime como hediondo, o que impede fixação de fiança. Desta forma, mediante o pagamento será expedido o alvará de soltura.

Ontem, o delegado Fábio Sampaio, responsável pelo caso, recebeu três boletins de ocorrência contra Airton por lesão corporal dolosa. Os registros foram no Mato Grosso.

Brutal – O crime aconteceu no posto de combustíveis Antares, no Jardim Seminário, em Campo Grande. A vítima estava trabalhando quando flagrou o autor passando no meio das bombas. O vigia abordou o rapaz e o mandou sair de dentro do posto, informando que o local era propriedade particular e já estava fechado. A discussão terminou em agressão.

Adelson tentou escapar e correu para uma borracharia que fica ao lado do posto. Conforme a Polícia, Airton usou uma barra de ferro para golpear a cabeça de Adelson, que teve o rosto desfigurado e morreu caído na calçada.

Segundo o delegado, o policial militar que efetuou a voz de prisão relatou, em boletim de ocorrência, que testemunhas confirmaram o uso de barra de ferro durante as agressões. Já na delegacia, as duas testemunhas não confirmaram o fato. O vigia tinha 46 anos e deixou dois filhos adolescentes.

A prisão de Airton foi o primeiro caso de repercussão em que a nova lei do Código de Processo Penal foi aplicada. Com as mudanças, em vigor desde o começo do mês, o juiz pode homologar prisão em flagrante, decretar a preventiva, arbitrar fiança ou aplicar medidas cautelares. A nova lei é para crimes com até quatro anos de prisão.

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