Capital

Ação conjunta da PC contra bicheiros nesta tarde teria sido "coincidência"

Paula Vitorino | 16/03/2011 18:16

Delegado justifica como rotineira a ação, mas negociação salarial teria motivado os policiais

Delegado nega que ações façam parte de operação da Polícia Civil. (Foto: João Garrigó)
Delegado nega que ações façam parte de operação da Polícia Civil. (Foto: João Garrigó)

A ação desenvolvida pela Polícia Civil hoje, em Campo Grande, com o objetivo de “limpar” a cidade de pontos de jogo do bicho foi classificada pelo delegado titular da Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social), Silvano da Mota, como rotineira.

De acordo com o delegado, foi “uma coincidência” o fato de diversos policiais civis se organizarem nesta quarta-feira para “desempenhar a atividade normal da polícia, de coibir a pratica de contravenções”.

O trabalho dos policiais teria sido iniciado, em conjunto, coincidentemente, após uma equipe flagrar um ponto de jogo de bicho em um bairro da Capital – que não informado – e acionarem outros civis.

Silvano diz que é errado chamar a ação de operação. Ele nega que a iniciativa tenha sido ação organizada pela Polícia Civil.

No entanto, o que pode ser constatado hoje à tarde no prédio da Cepol foi uma articulação envolvendo policiais de praticamente todas as delegacias da Capital, mesmo as especializadas.

“Esse é o papel do policial na rua, coibir a pratica de contravenções como o jogo do bicho”, frisou.

Questionado, então, sobre o por quê da concentração das ações contra “bicheiros” terem ocorrido somente nesta tarde e não diariamente, o delegado não soube explicar.

Entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, só três postos de jogo do bicho foram fechados na Capital.

Pressão – A presença de representantes do Sinpol-MS, como também do presidente, Alexandre Barbosa, durante as ações nesta tarde no prédio da Cepol levantaram suspeitas sobre o real motivo da “operação”.

As ações contra o jogo do bicho seriam uma forma de mostrar a força do trabalho da polícia, no momento em que a categoria está em negociação salarial com o governo do estado.

O presidente do Sinpol-MS não confirma a ligação entre a negociação salarial e a ação. Mas em declaração à imprensa disse esperar que o trabalho da Polícia Civil do Estado seja mais reconhecido após estas ações.

“Isso é bom para que a população veja a importância do trabalho da polícia e espero que a categoria seja mais reconhecida por tudo que desempenha”, ressaltou.

Sobre a presença do Sinpol durante a ação, Alexandre explicou que o sindicato foi até o local após ser convocado por policiais.

“A gente veio acompanhar os trabalhos, prestar apoio em uma situação atípica como esta de hoje”, concluiu.

Nesta manhã, às 11h30, o Sinpol realizou assembléia geral com os policiais para informar a situação das negociações salariais.

A categoria está em negociações desde o ano passado, quando chegou a entregar um documento à Assembleia Lgislativa com reivindicações de mudanças tanto salariais quanto estruturais.

O reajuste no salário é apresentado pelo governo do Estado e passa pela aprovação da Assembléia Legislativa.

Ação – A Polícia Civil iniciou os trabalhos contra o jogo do bicho no começo desta tarde, por volta das 12h30. Até o momento foram detidas 25 pessoas que tem algum envolvimento com o jogo de azar.

Os trabalhos devem continuar. Todas as pessoas detidas, em maioria aposentados que possuíam pontos de jogo do bicho, serão ouvidas e liberadas após assinar TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência).

Informações preliminares apontam que nenhum “chefão” do esquema foi flagrado, mas o delegado Silvano garante que todos os nomes citados e apontados como chefes da contravenção serão chamados a prestar esclarecimentos.

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