Capital

"Somos julgadas, mas não fomos condenadas", diz acusada de aliciar

Fernanda Mathias e Mara Riveiros | 05/07/2016 10:20
Mulheres negam aliciamento de adolescentes para programas; elas cumprirão prisão preventiva em regime domiciliar (Foto:Alcides Neto)
Mulheres negam aliciamento de adolescentes para programas; elas cumprirão prisão preventiva em regime domiciliar (Foto:Alcides Neto)

Apontadas como aliciadoras de rede de prostituição que usava adolescentes para manter relações sexuais e extorquir políticos e empresários em Campo Grande, Mônica Matos de Souza, 37 anos, e Jorsiane Soares Correia, 26 anos, presas na manhã desta terça-feira (5), alegaram inocência e reclamaram do que consideram julgamento da sociedade, antes mesmo da sentença judicial.

“Estamos sendo julgadas, mas não estamos condenadas”, disse Mônica. “Estão julgando a gente sem saber”, emendou Jorsiane.

Ambas cumprirão prisão preventiva em regime domiciliar. Mônica está grávida de cinco meses e Jorsiane tem um bebê de um mês.

As prisões ocorreram na região das Moreninhas e integram a Operação Anilhas, desencadeada pela DPCA no mês passado (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) com objetivo de cumprir mandados pendentes relacionados a crimes de estupro de vulneráveis.

Mônica alegou que não conhece as vítimas apontadas no processo e reforçou que nas audiências seu advogado vem reforçando que não há evidências contra ela. Ela conta que há muitos anos conhece Rosedélia Alves Soares, 41 anos, mãe de Jorsiane, que é apontada como mentora dos aliciamentos e está foragida.

“Desde que eu era diarista”, disse. Mônica afirmou, ainda, que é servidora pública estadual concursada, também vende produtos de beleza e aos fins de semana faz diárias em um pensionado.

Jorsiane, que é mãe de quatro filhos, conta que conheceu uma das vítimas, de 21 anos, porque ela trabalhava como babá de suas crianças. A moça teria a acusado de aliciamento para programa sexual, mas ela nega o crime.

O delegado titular da DPCA, Paulo Sérgio Lauretto, lembrou que as investigações levaram às três mulheres após delação premiada de Fabiano Otero, apontado como o mentor de todo o esquema.
Otero foi condenado a 11 anos e 11 meses de prisão e recorreu da sentença. Também foi denunciado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) o empresário José Carlos Lopes, acusado de estupro de vulnerável, por ter supostamente mantido relação sexual com menor de 14 anos, agenciada pelas três mulheres.

O processo é o desdobramento de um outro caso que começou a ser investigado pela DPCA em 2015, a partir do registro de ocorrência de desaparecimento de uma adolescente de Coxim. No meio da investigação a polícia foi procurada pelo ex-vereador Alceu Bueno, que denunciou estar sendo extorquido depois de se envolver sexualmente com adolescentes que faziam programas.

A tentativa de extorsão foi confirmada e a partir da prisão dos acusados, o ex-vereador Robson Martins e o empresário Luciano Pageu, as investigações seguiram para a descoberta de uma rede de exploração sexual de menores e adolescentes, idealizada por Fabiano Otero. O caso foi assumido pelo Gaeco e ganhou repercussão nacional, por causa do envolvimento de políticos com a rede de exploração sexual.

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