Capital

"Sequestrador" afirma que foi manipulado pela esposa

Zana Zaidan e Filipe Prado | 25/11/2013 20:13
Carlos chega a delegacia acompanhada das duas advogadas (Fotos: Marcos Ermínio)
Carlos chega a delegacia acompanhada das duas advogadas (Fotos: Marcos Ermínio)

Suspeita do seqüestro do bebê recém-nascido no último dia 16, levado do bairro Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande, Renata Silva de Jesus, 33 anos, chegou a organizar um chá de bebê e apresentar a criança como sua filha para toda a família. A afirmação é do marido de Renata, Carlos dos Santos, 25 anos que prestou o primeiro depoimento hoje (25) à Polícia.

O bebê foi devolvido à mãe no dia 19. Nos três dias em que esteve seqüestrada, os pais, os irmãos e sobrinhos de Carlos e Renata conheceram a criança, que inclusive teriam presenteado a recém-nascida, conforme Santos.

A irmã do suspeito, Aieska dos Santos, assistiu ao depoimento e reforça ter estranhado o comportamento de Carlos no dia do encontro. “Desde o começo d confiei que tinha alguma coisa errada. Meu irmão é uma pessoa muito afetiva, e ele parecia não querer nem ficar perto dela”, comenta.

Confissão - Ele confirma ter participado do crime, mas alega que foi induzido pela mulher ao ato. Ela havia sofrido um aborto e, por isso, articulou o roubo da criança. O bebê foi levado por três homens encapuzados, um deles armado, segundo a polícia. Carlos afirma ser um dos três, mas nega haver armas com ele.

“Ela me disse que daríamos um passeio, e eu acreditei. Estava fora de mim naquele dia. Tinha bebido e usado drogas, estava inconsciente”, diz Carlos. “Depois que passou o efeito, não conseguia ficar perto da bebê, mal conseguia olhar para ela”, acrescenta.

Carlos usa, ainda, o nome “Davi Hiago”, que tem tatuado no corpo, para reforçar sua inocência. Segundo ele, este seria o nome da criança que Renata esperava, um menino. No entanto, o bebê seqüestrado era uma menina. “Tudo que eu mais queria era ter esse filho, por isso até tatuei”.

Defesa – A defesa de Carlos é feita por duas advogadas, uma delas Marilza Féliz de Melo, que conversou com o Campo Grande News. O depoimento à Polícia foi acompanhado por ambas, mas somente Elizabete Nunes Delgado comentou o caso, e garantiu que seu cliente não sabia do plano de Renata. “Ele não sabia do seqüestro, tinha até tatuado o nome do filho e queria muito ter a criança”, reforça.

Sobre o intervalo de nove dias até que Carlos se apresentasse à Polícia, a advogada afirmou “que esperavam o tempo certo”.

O delegado responsável pelo caso, Paulo Sérgio Lauretto, da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), pediu a prisão preventiva de Carlos. Elizabete antecipou que vai entrar com pedido de liberdade provisória, alegando que o acusado tem emprego e residência fixa.

Carlos relatou que não sabia do sequestro (Foto: Marcos Ermínio)
A irmã de Carlos relata que ele ficou diferente depois que a filha "nasceu" (Foto: Marcos Ermínio)
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