Capital

"Povo vai vingar se nada for feito", diz irmã de homem linchado ao andar nu

Graziela Rezende | 20/05/2014 15:08
Irmã mostra o local onde Hugo pulou, se feriu e rasgou a roupa. Foto: Marcos Ermínio
Irmã mostra o local onde Hugo pulou, se feriu e rasgou a roupa. Foto: Marcos Ermínio

Indignados com o linchamento do pedreiro Hugo Neves Ferreira, 45 anos, há seis dias, confundido com estuprador ao andar nu nas ruas do Bairro Aero Rancho, em Campo Grande, parentes e amigos da vítima ameaçam fazer “justiça com as próprias mãos”, caso não tenham solução convincente da Polícia.

“Se não tiver a Justiça pela lei, pode ter certeza que terá pelas mãos do povo. O Hugo tinha o problema dele com o alcoolismo, mas jamais abusou de alguém. Nosso outro irmão estava hospitalizado e assim que ficou sabendo, quis ir atrás dos agressores. Ele até está muito nervoso com isso. E os amigos do Hugo pensam da mesma maneira”, afirma a irmã da vítima, Eliane Torres Oliveira, 40 anos.

Acostumada a ver o irmão pulando o muro da sua casa, Elaine conta que teve medo dessa última vez. “Era costume dele pular o muro, já que meu pai fechava cedo o portão, tentando impedi-lo de sair para beber. Aí ele pulava aqui e saia para a rua”, diz a irmã, mostrando o local onde enganchou o short e a vítima ficou sem roupa.

Assim que abriu a janela, Elaine conta que viu o momento em que o irmão pisou na caixa de cartas e então se enroscou em um ferro do portão. “Ele feriu a virilha e correu pelado para o outro lado da rua, por volta das 21h. Aí logo em seguida ouvi um grito e depois me disseram que foi uma mulher que ligou para o marido. Meu irmão então foi perseguido por um carro e espancado até a morte na rua”, relembra a irmã.

Violência gratuita? - Nesse período, Elaine disse que ligou para a Polícia. “A viatura foi chegar após meia hora, só que nesse intervalo ele já tinha sido espancado. Quando o encontrei no quarto, estava muito ferido, com sangue espalhado para todos os lados. Foi uma injustiça muito grande”, comenta a irmã.

Na tarde de hoje, ela prestará depoimento, enquanto que outra testemunha irá fazer o reconhecimento de suspeitos na 5ª Delegacia de Polícia da Capital. O delegado João Reis Belo, responsável pelas investigações, está “elencando todos os elementos e adquirindo provas”, antes de comentar o caso.

“Os próximos três dias serão de depoimentos com familiares, amigos e testemunhas. Após esse período vamos esclarecer o caso”, diz o delegado.

Madrasta da vítima mostra muro que Hugo constantemente pulava. Foto: Marcos Ermínio
Rua onde ocorreram agressões contra o pedreiro. Foto: Marcos Ermínio
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