Capital

“Não consigo analisar que qualquer pai faria isso”, defende promotora em júri

O crime aconteceu em 2012 e nesta manhã Wanderley Rofeson afirmou que matou para defender a filha, estuprada pela vítima

Geisy Garnes e Liniker Ribeiro | 19/09/2019 14:36
Promotora Lívia Carla durante julgamento nesta tarde (Foto: Liniker Ribeiro)
Promotora Lívia Carla durante julgamento nesta tarde (Foto: Liniker Ribeiro)

Uma ação injustificável, é assim que a promotora Lívia Carla Guadanhim Bariani definiu a morte de Roni Teodoro do Nascimento – amordaçado, sequestrado e assassinado a pedradas pelo funileiro Wanderley Rofeson Loureiro Vulgo, 50 anos, em 2012. Após 7 anos, o réu passa por julgamento nesta quinta-feira (19).

Wanderley prestou depoimento nesta manhã e afirmou que agiu em defesa da filha, que, segundo ele, foi estuprada por Roni. Diante dos jurados, alegou que ao chegar em casa no dia do crime encontrou a menina chorosa, acompanhada do rapaz. “Eu perguntei o que tinha acontecido, ela falou ‘pai, eu fui estuprada. Qual pai vai sair dali e ir à delegacia prestar depoimento? Você dá a vida pelo seu filho”.

Depois de uma briga, Wanderley imobilizou Roni, amarrou suas pernas e braços e o amordaçou com uma toalha. Em seguida o levou para saída de Rochedo, onde agrediu o rapaz a pedrada até a morte.

Para o Ministério Público a versão do funileiro não convence e a maneira como o crime aconteceu torna difícil de acreditar que “qualquer pessoa faria”. “Se ele tivesse pulado pra cima do cara, batido nele, eu até compreenderia. Mas tudo o que foi dito aqui mostra que não foi assim”, rebateu o promotora.

“Qualquer pai faria isso, amarraria, andaria mais de 10 km e mataria a pessoa com uma pedra na cabeça... Não consigo analisar que qualquer pai faria isso. Menino morreu com 18 anos, não tinha antecedentes criminais, o pai teve que registrar boletim por desaparecimento porque não teve uma viva alma para falar o que tinha acontecido com filho".

Wanderley prestou depoimento nesta manhã e afirmou que agiu em defesa da filha (Foto: Marina Pacheco)

O corpo de Roni só foi encontrado dois dias depois do crime, já em estado de decomposição. “Se vossas excelências entenderem que é normal, qualquer pai ou mãe faria isso, vão dizer sim a pergunta se absolvem o acusado. Mas, para o Ministério Público jamais ele merece ser absolvido”, finalizou a promotora ao júri.

Estupro – A esposa e a filha de Wanderley também prestaram depoimento e confirmaram a versão do réu. À época da investigação policial, a garota disse que tinha relacionamento com Roni e que havia mantido relações sexuais com ele uma semana antes do crime. Porém, no decorrer do processo, mudou a versão e disse que foi estuprada.

Segundo ela, naquele dia, saiu da escola e foi acompanhada por Roni até em casa. Quando chegaram, ele pediu um copo de água e aproveitou o momento para entrar na residência e cometer o crime. Depois do estupro, disse que ficou sem reação e não pediu socorro, mas conseguiu relatar o que tinha acontecido quando o pai chegou.

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