Capital

"Achei que não sairia dali", diz mulher que teve carro levado por enxurrada

Luana Rodrigues | 19/02/2016 11:06
"Acho que Deus me deu uma segunda chance", diz Waldenilce Rojas de Souza, 53 anos. (Foto: Marcos Ermínio)
"Acho que Deus me deu uma segunda chance", diz Waldenilce Rojas de Souza, 53 anos. (Foto: Marcos Ermínio)

“Juro que eu achei que não ia conseguir sair dali e acho que tenho que agradecer muito”, diz Waldenilce Rojas de Souza, 53 anos, emocionada e ainda muito abalada. Nem o alívio por ter sobrevivido faz com que ela esqueça os minutos de desespero vividos no fim da tarde desta quinta-feira (18), quando ficou presa e teve o carro, um Corsa branco, arrastado pela forte enxurrada.

Tudo aconteceu na Avenida Ernesto Geisel, próximo a Rachid Neder e Euller de Azevedo, durante o temporal que atingiu Campo Grande. Em vídeo gravado por leitor do Campo Grande News, enviado pelo Direto das Ruas, é possível ver um Corsa branco e uma camionete preta sendo levados. Na gravação, as pessoas que estavam sob a ponte afirmam que uma pessoa está dentro do carro. A pessoa é Waldenilce.

E é com a voz embargada, e intervalos de choro que Waldenilce lembra que saiu de casa apenas para visitar a mãe e levar o carro no lava-jato. “Almocei com minha mãe, depois já deixei ele no lava-jato, a moça disse que perto das 16h30 estaria pronto, então fiquei fazendo hora”, diz.

Foi o marido de Waldenilce que a avisou do perigo da chuva que caia. “Ele me ligou e disse para eu ir logo para casa, porque a chuva estava forte, mas eu não achei que fosse tanto”, lembra. Com o carro limpo, a técnica de enfermagem  seguiu para casa e nem imaginava o que a esperava no caminho.

Com carro tomado pela água, até documentos ficaram encharcados. (Foto: Marcos Ermínio)

“Quando desci a Ernesto Geisel, achei que tinha acontecido um acidente e continuei, de repente os carros foram saindo da minha frente, um a um, e a água foi vindo e vindo, foi quando meu desespero começou”, relata.

Sem saber o que fazer, a mulher permaneceu no carro, mas como a água subia, pessoas do lado de fora tentavam fazer com que ela deixasse o veículo, apesar da forte correnteza.

Waldenilce diz que foram dois rapazes que estavam em uma camionete na frente que desceram e a resgataram. “O rapaz pegou uma corda, acho que estava dentro do carro, amarrou nele e na camionete e foi vindo na minha direção, eu fiquei com muito medo, não queria sair, então ele abriu a porta e amarrou a corda em mim, ali achei que fosse morrer. Engoli água, a correnteza estava muito forte e me levando, mas ele me segurou pelo braço e puxou dali”, detalha.

Chovia no momento, e um vídeo mostra o quanto a enxurrada de lama, galhas e água, era forte. Dezenas de carros foram arrastados, mas até a publicação desta reportagem, não havia informações de feridos.

Na hora do desespero, Waldenilce não se lembrou de perguntar o nome dos rapazes que ajudaram e agora só os chama de anjos, que ela ainda espera conhecer. “Queria agradecer. Agradecer a eles e todos que estavam por lá e me ajudaram. Foi coisa de Deus, porque todos se uniram para me salvar. Teve um que perdeu sapato, outro se molhou todo, gente que eu nem conheço e fez tudo por mim”, diz.

No meio da. conversa, ela se lembra de dois 'salvadores', João Marcos e Simone. “Ela foi mais que uma mãe para mim, e ele me acalmou, porque eu estava muito nervosa. Espero encontrá-los de novo”.

Quando se fala no carro, vem mais choro. Mas nesse caso é de agradecimento. “Meu marido foi até lá e achou. Está todo encharcado, perdi placa, amassou bastante e ainda não sei, mas acho que estraguei o motor. Mesmo assim eu não tenho do que reclamar, nem quero saber do prejuízo, o importante é que Deus me deu uma segunda chance e eu só posso agradecer”, finaliza.

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