Capital

‘Conferência’ por celular entre internos decidiu execução de mulher

Um dos executores também foi preso por tentativa de arrombamento à caixas eletrônicos

Paula Maciulevicius | 31/10/2012 12:36
Tiago Jorge da Silva Figueiredo e José Valdir de Freitas Ferreira, cumpriram ordem dada por celular do presídio da Máxima. (Foto: Paula Maciulevicius)
Tiago Jorge da Silva Figueiredo e José Valdir de Freitas Ferreira, cumpriram ordem dada por celular do presídio da Máxima. (Foto: Paula Maciulevicius)

Policiais do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e da DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídios) apresentaram na manhã desta quarta-feira a dupla que matou Darlen Hellen de Souza, 38 anos, no dia 17 de setembro, a mando do namorado dela, Everton Rodrigues, 28 anos. A ordem veio do presídio de Segurança Máxima por celular.

Tiago Jorge da Silva Figueiredo, 29 anos, conhecido como Bussunda e José Valdir de Freitas Ferreira, 27 anos, conhecido como Cassote, confessaram a execução de Darlen. Paralelo ao homicídio, durante as investigações, a Polícia confirmou o envolvimento de Tiago na tentativa de explosão de caixas eletrônicos em maio deste ano, nas duas ocorrências, Tiago e os comparsas arrombaram agências do Banco do Brasil e do Bradesco, explodiram os caixas, mas não levaram dinheiro. Na segunda tentativa, o prejuízo com os danos da explosão foram calculados em R$ 40 mil.

A Polícia chegou até dupla pelos registros de visitas de Darlen a Everton, no presídio de Segurança Máxima. Nos quatro finais de semana anteriores ao crime, a mulher foi visitar o namorado quatro vezes. “A partir daí fizemos a conexão do contato dela em Campo Grande. Ela frequentava e estava hospedada na casa de Tiago a mando do interno”, falou o delegado da Homicídios, Edilson dos Santos Silva.

Tiago confessou o crime e que a ordem veio de dentro do presídio. “Em uma conferência via telefone entre os mandantes, Tiago recebeu a ordem para executar”, relatou o delegado.

O rapaz foi preso no dia 20 de setembro. A casa dele, no bairro Jardim Concórdia, funcionava como ponto de drogas. No local, a Polícia encontrou considerável quantidade de droga, materiais utilizados para o preparo e venda do entorpecente, além da peça que o liga ao crime: o mesmo edredon usado para amarrar Darlen.

“A prova fundamental foi parte do edredon rosa que foi usado para amarrar, ele ficou na casa do Tiago”, completou o delegado. Coube a ele hospedar a vítima e para matar Darlen, Tiago contou com a ajuda de José Valdir de Freitas Ferreira.

Cassote, como o comparsa é conhecido, foi preso no último dia 22, na região Sul da cidade. No momento da prisão ele tentou resistir. Não aceitou que fossem colocadas algemas, o que levou a Polícia a usar a força. Na tentativa de dar fim ao chip de celular, Cassote mastigou e quase engoliu.

Para a Polícia, ele confessou ser um dos executores e que foi de carro, um Fiat Pálio preto, até a casa de Tiago pegar a vítima que já estava amarrada no sofá, para levar até a execução, na estrada de acesso ao aeroporto Santa Maria.

Motivação - No dia 19 de outubro, quando Everton foi apresentado pela Polícia à imprensa, alegou que mandou matar a mulher porque ela estava tendo um relacionamento amoroso com outra pessoa, na tentativa de atribuir ao crime, motivação passional.

No crime, a dupla usou duas armas diferentes, um revólver calibre 38 e uma pistola 9 milímetros.

Mas a Polícia não descarta que Darlen foi morta por conta de um desentendimento entre integrantes da quadrilha. A mulher tinha mandado de prisão em aberto por roubo e já havia antecedentes criminais por tráfico de drogas e pode ter sido morta num acerto de contas por dívidas em relação à venda de drogas.

Tanto Tiago como José Valdir eram foragidos da Colônia Penal Agrícola por tráfico de drogas.

A relação de Tiago com dois crimes leva a Polícia a ressaltar a prática em várias outras ‘áreas’ criminosas. “O que temos de ponto de ligação entre os casos é o Tiago, como autor do homicídio, envolvimento nos arrombamentos, tráfico de drogas, uma vida que gera em torno da prática de crimes”, classificou o delegado Márcio Oshiro Obara.

 Tiago vai responder pelos crimes de: tráfico de drogas, homicídio doloso qualificado, duas tentativas de roubo e explosão e formação de quadrilha. Já José Valdir pelo crime de homicídio doloso qualificado.

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