Cidades

Cabeças de esquema "na mira" da PF foram alvos de operação em setembro

Antônio Celso Cortez e João Baird são investigados na Computadores de Lama por enviar dinheiro de origem ilícita para o exterior, prática que começou em 2015, logo após a 1ª fase da força-tarefa

Anahi Zurutuza | 27/11/2018 16:02
João Roberto Baird chegando à sede da PF em novembro do ano passado para prestar depoimento (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
João Roberto Baird chegando à sede da PF em novembro do ano passado para prestar depoimento (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

João Roberto Baird e Antônio Celso Cortez, apontados nas investigações da 6ª fase da Operação Lama Asfáltica, a Computadores de Lama, como cabeças de esquema de desvio de dinheiro e envio ilegal de remessas para o exterior, foram presos temporariamente em setembro deste ano na Operação Vostok. As investigações coincidem.

A primeira força-tarefa compartilhou documentos apreendido com equipe de Brasília (DF) que apurou esquema de emissão de notas frias para justificar pagamentos de propinas, conforme denunciados por integrantes do Grupo J&F –controlador do frigorifico JBS, a vários políticos de Mato Grosso do Sul.

Para a Vostok, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) expediu 55 mandados judiciais, sendo 41 de busca e apreensão e 14 de prisões por cinco dias.

Dono da PSG Tecnologia Ltda., Cortez é apontado na Lama Asfáltica como sócio e “testa-de-ferro” de Baird, dono de empresas –Itel e Mil Tec– do ramo da informática e que mantém contratos com o poder público. 

Assim como na Vostok, conforme apurado pela Lama Asfáltica, a PSG era usada para o recebimento de propinas pagas pela JBS para governantes em troca de benefícios fiscais.
Consta na decisão que desencadeou a Computadores de Lama, que a empresa “estava entre as empresas indicadas por André Puccinelli para o recebimento de vantagens indevidas pagas pela JBS, dissimuladas como pagamentos de notas fiscais sem a correspondente prestação de serviços”.

Cortez e Baird são investigados nesta 6ª fase da Lama Asfáltica por enviar dinheiro de origem ilícita para o exterior, prática que começou em 2015, logo após a 1ª fase da força-tarefa.

Também destacou o juiz federal Sócrates Leão Vieira que a força-tarefa apurou que “Antônio Celso Cortez utilizou-se de mecanismos ilegais para enviar recursos paras o exterior” e depois transferiu o dinheiro para terceiros até o que os valores chegassem aos principais beneficiários. “Essa prática foi repetida inúmeras vezes”, completa o texto.

Só entre junho e setembro de 2017, conforme constatou a CGU (Controladoria-Geral da União), Cortez “utilizando-se supostamente de doleiros, enviou para fora do país R$ 1,7 milhões”.

Para os investigadores, empresa aberta no Paraguai seria uma extensão da PSG usada para “lavar dinheiro”. 

Carro deixa Edifício Monterosso com João Baird preso na manhã desta terça-feira (27) (Foto: Izabela Sanchez)

Computadores de Lama - A PF, a CGU e a Receita Federal foram às ruas nesta manhã para cumprir 4 mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão em Campo Grande, Jaraguari, Dourados e Paranhos.

A força-tarefa apreendeu documentos na casa de João Baird, no Edifício Monterosso, na rua Antônio Maria Coelho, em frente ao Parque das Nações Indígenas, e o levou preso. Equipes estiveram ainda na casa de Cortez, no Bairro Vilas Boas.

Apelidado de Bill Gates Pantaneiro, Baird já foi preso outras duas vezes – a primeira na Operação Coffee Break e a segunda na Vostok.

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