Cidades

Após polêmica, Famasul quer mudar nome do Instituto SOS Pantanal

Fabiano Arruda | 21/07/2011 17:19
Produtores e integrantes da ONG se reuniram ontem no Pantanal. (Foto: Divulgação)
Produtores e integrantes da ONG se reuniram ontem no Pantanal. (Foto: Divulgação)

Sob alegação de que o Pantanal não pede socorro, a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) quer que o Instituto SOS Pantanal mude seu nome. Além disso, a entidade cobra que o conselho da organização não-governamental inclua representantes de entidades e produtores pantaneiros em seu conselho.

As reivindicações foram feitas em reunião realizada ontem na sede da fazenda e pousada Baia das Pedras, região pantaneira da Nhecolândia, entre representantes da Famasul, o presidente da organização, empresário Roberto Klabin, equipe da Expedição Pantanal e produtores da região.

A reunião foi liderada pelo presidente da Comissão da Pecuária de Corte da entidade, José Lemos Monteiro, o Zeito, que é candidato à presidência da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul).

Segundo informações da Famasul, o encontro foi motivado pelo descontentamento dos proprietários da região com o desenrolar e a repercussão da expedição, já que, no início da semana, a Folha de São Paulo publicou matéria de jornalista que acompanhou a abertura dos trabalhos da expedição, publicação que enfatizava que o Pantanal tem 17% de sua área desmatada e que “sofre com as ameaças de fora”.

“O pantanal tem 87% de sua cobertura original, ou seja, é o bioma mais preservado do País, e isso graças à presença do homem pantaneiro”, critica Zeito.

“Movimentos que trazem benefícios são bem-vindos, mas uma Ong com esse nome já nos deixa com o pé atrás, como se o Pantanal estivesse em risco”, dispara o presidente da União dos Pantaneiros da Nhecolândia (Unipan), André Coelho Lima Hofke.

Ainda conforme a Famasul, o presidente da organização se mostrou aberto às sugestões. “Queremos conhecer mais a fundo as peculiaridades do Pantanal para melhor representar este ambiente”, assinalou o empresário, dono da Pousada Caiman, propriedade que abriga o projeto Arara Azul, voltado para a preservação da espécie.

Sobre a acusação de que o instituto queria propaganda com a expedição para angariar investimentos, Klabin afirma financeiramente o projeto, junto com outros patrocinadores da iniciativa privada. “Não tem dinheiro internacional aqui. E queremos que ela (a expedição) seja uma conjunção de interesses para capitalizar o que temos de mais precioso”, sustentou.

Entrevero - A polêmica entre ruralistas e a Ong começou nesta semana depois do presidente licenciado da Acrissul, Francisco Maia, iniciar as reclamações sobre os procedimentos da expedição.

Para ele, a iniciativa tinha caráter midiático e que ONGs costumam atuar desta forma interessados em receber recursos internacionais. Também sinalizou que a expedição divulgaria somente aspectos negativos da presença humana no Pantanal.

Em resposta, por meio de nota, o instituto rebateu as críticas afirmou que o Projeto Expedição Pantanal, lançado no dia 10 deste mês, não busca propaganda do instituto nem uma agenda negativa do Pantanal.

Segundo o órgão, o projeto é “sério”, começou a ser elaborado em 2009, e irá mapear, por meio de nove rotas desenhadas, iniciativas voltadas à sustentabilidade na região da Bacia do Alto Paraguai para conhecer práticas ambientais, sociais e econômicas.

“O projeto não visa realizar uma avaliação ou auditoria socioambiental das atividades do Pantanal e sim uma identificação de processos sustentáveis que vêm contribuindo para a qualificação do desenvolvimento do Pantanal ao longo de sua história”, diz um trecho da nota.

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