Cidades

Após episódios de intoxicação de crianças, Paraguai regulamenta venda de remédio

Bruno Chaves | 07/10/2013 17:45
Mais de 3 mil medicamentos foram retirados de prateleiras da fronteira (Foto: Reprodução/Conesul News)
Mais de 3 mil medicamentos foram retirados de prateleiras da fronteira (Foto: Reprodução/Conesul News)

O Ministério da Saúde do Paraguai regulamentou a venda de remédios em todo o território nacional depois de episódios de intoxicação com crianças na fronteira com Mato Grosso do Sul, informou o gerente medicamentos e produtos da Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul, Adam Adami. Antes, a compra de medicação era feita em padarias, supermercados, conveniências e até açougues.

“Depois do episódio de intoxicação de crianças, o país [Paraguai] regulamentou melhor a venda dos remédios, que agora só pode ser feita em farmácias e drogarias”, disse o gerente.

Na última sexta-feira (4), o órgão de saúde do Paraguai determinou a realização de um mutirão do Serviço de Vigilância Sanitária de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, para que todo produto farmacêutico com o insumo Dextrometorfano, que afetou pelo menos 27 crianças nos dois países, fosse apreendido.

Segundo o site Conesul News, mais de três mil frascos e cartelas de medicamentos com diferentes nomes comerciais foram recolhidos das prateleiras da cidade. Só em uma farmácia, a Vigilância Sanitária encontrou mais de 200 produtos. O remédio podia ser encotnrado com os nomes Mentovick, Tegnogrip Plus, Tegnogrip, Medibron, Bronolex e Bronalar.

As vigilâncias sanitárias de Ponta Porã e do estado de Mato Grosso do Sul também emitiram um alerta para os riscos do xarope com o princípio ativo "dextrometorfano" fabricado no Paraguai.

Ainda de acordo com Adam, no Brasil não foi necessária a realização de mutirões para conscientização da população sobre o risco do consumo do remédio, já que a substância é proibida no País e não existe nenhuma denúncia de locais que façam a venda ilegal do medicamento.

Brasil – Também no dia 4, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou resolução determinando a suspensão da importação, distribuição, comércio e uso do insumo farmacêutico ativo Dextrometorfano no Brasil.

O xarope que causou reações adversas em crianças na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai é fabricado no país vizinho e utiliza o insumo importado do laboratório indiano. O medicamento não tem registro no Brasil e a suspensão da Anvisa considerou o alerta sanitário emitido pela Vigilância Sanitária de MS e informações da reunião do Comitê Interfronteira realizado em Ponta Porã.

Antes de determinar a suspensão, a agência emitiu alerta, no dia 27 de setembro, para o risco de intoxicação causada pelo consumo do medicamento. O xarope fabricado no Paraguai envenenou crianças em Dourados e Ponta Porã.

Na primeira cidade, cinco crianças, duas procedentes de Ponta Porã, foram internadas na UTI do Hospital Universitário em estado grave com insuficiência respiratória aguda, cianose (lábios arroxeados) e sonolência. Outras duas crianças chegaram a óbito.

Já em Ponta Porã, foram três casos envolvendo crianças que consumiram medicamento Mentovick a base de Dextrometorfano. As vítimas apresentaram quadro de insuficiência respiratória, dispnéia e cianose. Os casos são investigados pela vigilância epidemiológica.

Óbitos – O secretário de Saúde de Ponta Porã, Eduardo dos Santos Rodrigues, descartou a intoxicação por Dextrometorfano como a causa dos dois óbitos. Segundo Eduardo, as mães das duas crianças que morreram afirmaram que os filhos não ingeriram o xarope. De acordo com o secretário, a primeira criança faleceu de broncopneumonia e a segunda de infecção generalizada.

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