Cidades

Após 16 dias, juiz ordena reintegração de posse e índios prometem resistir

Bruno Chaves e Aline dos Santos | 03/10/2013 12:40
Grupo pede a saída de gestor estadual da Sesai (Foto: Cleber Gellio)
Grupo pede a saída de gestor estadual da Sesai (Foto: Cleber Gellio)

Os índios que ocupam a sede da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) em Campo Grande, há 16 dias, foram notificados pela Justiça Federal, nesta quinta-feira (3), para deixarem o prédio público imediatamente. A reintegração de posse foi emitida pelo juiz federal Renato Toniasso, da 1ª Vara Federal de Campo Grande.

Acompanhada por um oficial de Justiça, a Polícia Federal compareceu hoje ao local para informar sobre a decisão judicial que determina a reintegração imediata de posse do prédio, que fica na Rua Professor Alexandre Oliveira, 689, Bairro Royal Parque.

Segundo o cacique Branco, da Aldeia Babaçu Terena, oito etnias se uniram na ocupação da sede da Sesai. Ele não soube estimar a quantidade de pessoas no manifesto, mas disse que duas salas do prédio foram tomadas pelos indígenas, que pedem a exoneração do gestor da Sesai em Mato Grosso do Sul, Nelson Carmelo Olazar.

Apesar de a notificação da Justiça determinar saída imediata, o cacique garantiu que os índios não deixarão o local nas próximas horas. Às 14h de hoje, o grupo participará da sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde da Assembleia, que convocou Nelson Carmelo para discutir saúde indígena. Após a reunião, os manifestantes vão se reunir na Sesai para definirem estratégias da desocupação.

Branco disse que os índios se comprometem em sair da sede da Sesai, de forma pacífica, se o Governo Federal emitir uma carta de exoneração encaminhada ao gestor. Ainda de acordo com o líder, por indicação política, Nelson está há três anos a frente da gestão da secretaria. O grupo quer que um indígena assuma o cargo.

No prédio, eles montaram uma estrutura mínima de sobrevivência. Levaram colchonetes e malas de roupas. A cozinha do prédio foi adotada para o preparo das refeições. Segundo uma funcionária terceirizada da Sesai, que trabalha há 12 anos no local, e preferiu não se identificar, a ocupação dos índios é pacífica.

Ela contou que Nelson mandou cortar o telefone, para não efetuarem ligações, e dispensou os 50 funcionários do expediente de trabalho. No entanto, a estimativa é que seis trabalhadores estão comparecendo normalmente. Quem vai ao prédio não enfrenta problemas com índios, contou a mulher. O grupo não mexe nos documentos da secretaria e não destrói nada.

Receio – Por terem receio da Polícia Federal, principalmente após a morte do terena Oziel Gabriel, que morreu na Aldeia Buriti, em Sidrolândia, durante uma reintegração de posse, os indígenas disseram que vão deixar o local, se a Polícia Federal voltar para cumprir a reintegração de posse. No entanto, eles prometem retornar.

“Se o governo mandar exoneração para Nelson, acaba pacificamente”, reiterou o cacique. Branco conta que os índios reclamaram de má gestão na Sesai e de falta de viaturas e medicamentos, além da situação precária dos postos de saúde.

Rodovias – Após a reunião da CPI da Saúde, o grupo também se reunirá para decidir se os indígenas vão bloquear rodovias do Estado. O cacique afirmou que outros grupos de índios estão de sobreaviso nas regiões Sul e Norte do Estado para fecharem rodovias, se for preciso.

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