Cidades

Aos 14, jovem coleciona 3 aprovações pelo Sisu e adota Enem como hobby

Ricardo Campos Jr. | 28/01/2015 15:02
Giovanna não quer pular etapas e mesmo tendo sido aprovada, vai terminar o ensino médio (Foto: Marcelo Calazans)
Giovanna não quer pular etapas e mesmo tendo sido aprovada, vai terminar o ensino médio (Foto: Marcelo Calazans)
Giovanna e a mãe Patrícia (Foto: Marcelo Calazans)

Vestibulares em universidades de alta concorrência e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) tornaram-se uma espécie de hobby para a estudante Giovanna Kobus Conrado, 14 anos, que apesar da pouca idade coleciona três aprovações pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificado). A mais recente foi na edição deste ano, para engenharia civil na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), um dos cursos com maior nota de corte. Ser superdotada é apenas um detalhe, tendo em vista que, para a jovem, o que pesa mesmo é o esforço, as longas horas de estudo e a dedicação aos conteúdos.

“Eu acho que não tem segredo. Basta querer estudar e ter uma meta definida. Eu vejo muitas pessoas reclamando que não passam, mas que ao invés de estudar, saem com os amigos. O importante é ter foco e muito estudo”, aconselha.

Quando encarou o Enem pela primeira vez tinha 12 anos e estava no 8º ano do ensino fundamental, tendo sido aprovada para Zootecnia na UFMS. No ano seguinte, passou em matemática na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Este ano, a média de 737 a colocou novamente na lista dos aprovados. Somente na área de exatas, acertou 41 das 45 questões.

“Eu gosto de desafios. É sempre bom tentar algo diferente, assim que você exercita sua capacidade de fazer novas coisas”, diz Giovanna.

Esse impressionante histórico rendeu a ela uma bolsa para estudar totalmente de graça em um instituto especializado em adolescentes com alto quociente de intelectualidade em São Paulo. Hoje ela mora sozinha com a irmã no outro estado.

“Eu nunca tinha mudado de casa e muito menos de cidade. Foi uma aventura e está valendo muito a pena. Eu estou em uma escola que é focada para este tipo de aluno e todos se entendem muito melhor. Aqui em Campo Grande, o foco dos meus amigos não era estudar, era se divertir. Lá em São Paulo, todos têm o mesmo objetivo que eu”.

O que chama a atenção no caso de Giovanna é que ela vai continuar prestando o exame nos próximos dois anos apenas para se testar, pois não tem intenção de pular etapas e entrar na Justiça para conseguir o certificado do ensino médio e começar a faculdade antes do tempo.

“Eu não sei se eu estaria pronta e eu acho que a maioria das pessoas que passam antes de terminar o terceiro ano não está. O ensino médio serve para te preparar para a faculdade. Ir sem essa preparação, não faz bem. Eu vou continuar fazendo Enem e o maior número de vestibulares possível”, comenta.

Exemplo vem de casa – Engana-se quem pensa que a estudante foi criada aos mimos e regalias. A mãe dela, Patrícia Conrado, 43 anos, dividia o tempo entre o trabalho como servidora pública, os serviços de consultoria que prestava e o tempo dispensado no negócio próprio. O segredo, segundo ela, era dedicar todo e qualquer tempo restante exclusivamente em família.

“Nós sempre conversamos e queríamos ter qualidade de tempo quando as filhas estavam com a gente. Desde pequenininhas nos fazíamos tarefa juntas. Como nós estudamos muito e trabalhamos muito, elas nos usaram como referência no sentido de conseguir as coisas através do esforço. A gente sempre mostrou para elas que a vida não é fácil e que a herança que nós como pais vamos deixar é em conhecimento”, explica.

Sempre que pode, Patrícia viaja para São Paulo para ficar com as filhas. “Hoje eu tenho disponibilidade no meu trabalho. Eu fico lá e cá, mas elas são bem responsáveis. Nunca tive nenhuma intercorrência. A Giovanna estava desmotivada aqui em Campo Grande. Parece que lá deu um up na vida dela, ela ganhou um brilho”, explica.

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