Acampados em Itaquiraí criam cidade as margens da BR-163

Os moradores de Itaquiraí, município na região Sul do Estado, a 420 quilômetros de Campo Grande, convivem com uma nova "cidade" erguida às margens da BR-163.

As construções de lona, a precariedade das moradias e as condições adversas para quem está acampado ilustram a situação miserável do grupo formado por trabalhadores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e de brasiguaios, que fogem da violência no País vizinho.

Localizado a 15 quilômetros de Itaquiraí no sentido Naviraí, a "cidade" começou a ser levantada a 8 meses por cerca de 200 famílias do MST. E há cerca 2 meses, outras 400 famílias de "brasiguaios" se somaram ao grupo, vindos da região de Sanga Puitã, no Paraguai.

Os barracos de lona ocupam os dois lados da rodovia. As famílias utilizam a cana-de-açúcar de uma das fazendas na alimentação e montam camas e móveis com madeiras da outra propriedade. Para diminuir o tráfego de caminhões e veículos pesados, os acampados improvisam quebra-molas com terra na rodovia, no intuito de reduzir os casos de atropelamento e acidentes em que os veículos adentram a "cidade".

O acampamento já conta com uma "vendinha", que comercializa itens básicos como arroz, feijão e batata, e tem até mesa de sinuca. O lucro é revertido para o próprio acampamento, garante o dono do comércio, João Maria de Souza. Em outra área do local, uma escola está sendo montada para atender alunos do 4° ano do ensino fundamental.

Cerca de 30 cadeiras escolares destruídas serão reformadas para serem utilizadas na escola. Os alunos de outras séries utilizam o ônibus escolar da prefeitura para frequentar as aulas no município de Itaquiraí. As famílias têm ainda uma igreja evangélica, que realiza cultos para crianças e adultos, com um púlpito improvisado.

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