Cidades

Revoltados com ordem de retirada, índios fecham BR 262 em Miranda

Ângela Kempfer e Evelyn Souza | 18/06/2013 17:11

Índios acampados na Fazenda Esperança desde dia 1º de junho bloquearam há cerca de meia hora a BR 262, em Miranda.

O grupo, de cerca de 200 manifestantes, fechou a estrada com pneus e pedaços de paus e impede completamente o tráfego. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a interdição ocorre na altura do quilômetro 527 a previsão é de bloqueio por, pelo menos, 2 horas.

Já os índios garantem que não há previsão para deixar o local. O trecho dá acesso à fazenda localizada em Aquidauana, que é reivindicada pela comunidade terena para ampliação da aldeia Ipegue. "Querem a presença da imprensa e principalmente de alguma autoridade aqui", diz o terena Mauro Paes.

Ele diz que a comunidade pretende fazer uma assembleía pra discutir a decisão judicial, até lá, não vão liver a estrada. "Tá tudo parado, ninguém passa e já tem congestionamento", avisa.

Hoje pela manhã, os terena foram notificados de decisão da Justiça Federal para saída da área. Os índios ganharam prazo de 10 dias para a desocupação pacífica.

A decisão para a retirada é do juiz Renato Toniasso, da 1ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande. Os donos da fazenda entraram com o pedido de reintegração de posse logo após a invasão. 

O magistrado afirma que “decorrido o prazo dado, sem que a FUNAI consiga a desocupação espontânea, o uso da forca policial será inevitável, pois as decisões judiciais devem ser cumpridas, sob pena de instalar-se o caos, em termos de segurança jurídica”, completa.

Apesar da reivindicação da posse, os donos da propriedade afirmam que possuem a titularidade das terras há mais de 100 anos e que foram feitas edificações e benfeitorias na área.

Por outro lado, a Funai alega que a demora na demarcação das terras é perigosa em razão da situação atual na relação entre índios e fazendeiros. A entidade indígena também afirma que a Fazenda Esperança já foi reconhecida tradicionalmente como terra indígena e que o relatório de identificação e delimitação já foi aprovado.

O fazendeiro, Nilton Carvalho, que disputa a área com os terena, diz que "espera que haja bom senso, maturidade, paz de espirito para que 'as coisas sejam resolvidas'".

A expectativa dele é pelo retorno do ministro da Justiça, na próxima quinta-feira. "Espero que o ministro não venha só com conversa, que traga soluções. De conversa, os índios e os produtores estão de saco cheio. Meus empregados que são índios terenas, que vivem do trabalho também foram proibidos de entrar lá".

Nilton diz estar cansado das indefinições sobre a questão indígena em Mato Grosso do Sul. "Estamos cansados, quero que minha vida continue, as contas chegam, mas minha vida parou", conclui.

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