Cidades

“Fiquei assustado”, afirma desembargador de MS “grampeado”

Carlos Martins | 28/11/2012 12:35
Desembargador Júlio Roberto disse que recebeu a notícia com
Desembargador Júlio Roberto disse que recebeu a notícia com

Foi com “espanto” que o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) Júlio Roberto Siqueira Cardoso recebeu a informação que, juntamente com outras autoridades, foi alvo de uma quadrilha que roubava dados sigilosos. “Fiquei assustado”, disse à reportagem o desembargador na manhã desta quarta-feira. Operação iniciada pela Polícia Federal na segunda-feira apurou que entre as vítimas também apareceu os nomes do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e do senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

A “Operação Durkhein”, que mobilizou delegados e 400 agentes federais, resultou até agora na prisão de 27 pessoas (de um total de 33 prisões temporárias) e no cumprimento de 87 mandados de buscas. Segundo informações da PF, agentes encontraram contas de Cardoso em poder da quadrilha e descobriu-se, também, que o sigilo telefônico dele foi quebrado. O desembargador foi uma das 180 vítimas da quadrilha identificadas até agora, mas calcula-se que pode chegar a 10 mil o número de pessoas afetadas.

Cardoso disse que tomou conhecimento por meio do noticiário. “A Rede Globo entrou em contato”, revelou sobre o caso. Na noite de ontem, o Jornal Nacional exibiu reportagem sobre a operação e do número de pessoas atingidas até agora. Cardoso disse que ainda não foi notificado pela Polícia Federal que teve informações sigilosas interceptadas pela quadrilha, que as vendiam para empresários e escritórios de advocacia.

“Estou aguardando esclarecimentos. Não tenho a mínima ideia do que eles poderiam fazer com as informações e o que pretendiam. Não sei quem pediu, nem para o que foi”, afirmou, destacando que o TJ-MS já está adotando medidas em relação ao caso.Também foram vítimas o ex-ministro da Previdência Social Carlos Eduardo Gabas e o desembargador Luiz Fernando Salles Rossi, do TJ Paulista, que também teve o sigilo violado.

Natural de Mogi das Cruzes (SP), o desembargador Júlio Roberto tem 63 anos, é formado em Direito e Administração de Empresas e iniciou a carreira na magistratura em 1984 no cargo de juiz substituto na Comarca de Dourados. Em abril de 1995 foi promovido à entrância especial nomeado para a 1ª Vara do Tribunal do Júri. Em seu currículo consta ainda a atuação como juiz titular nas comarcas de Aparecida do Taboado e Paranaíba, juiz eleitoral, delegado do Instituto dos Magistrados Brasileiros para Mato Grosso do Sul, de 1986 a 1992, e professor de Direito em várias faculdades. Em abril de 2009 foi promovido, por merecimento, ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Espionagem - O vice-prefeito eleito da cidade de Nazaré Paulista (SP), Itamar Ferreira Damião (PSC), 54 anos, foi apontado pela PF como o líder da quadrilha. Itamar, conhecido como Pequeno, é um dos presos. Segundo a PF ele está na atividade de espionagem há um bom tempo. Ele é suspeito de usar para obter informações sigilosas de forma ilegal policiais civis, militares e federais, empregados de empresas de telefonia e também funcionários públicos, além de um gerente de banco, O advogado de Itamar disse que o seu cliente não é chefe de nenhuma organização criminosa e que ainda não conseguiu fazer uma análise completa das acusações.

A investigação durou quase dois anos. A PF afirma que os criminosos se apresentavam como detetives particulares e agiam em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará, Goiás e no Distrito Federal. A PF afirma que um extrato bancário vendido pela quadrilha custava R$ 30, enquanto o valor de uma escuta telefônica clandestina podia chegar a R$ 7 mil.

(Com informações do G1 e Estadão)

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