Única equipe de perícia da Capital é responsável por outras duas cidades
Número ideal seria de 330 peritos para atuar em todo Mato Grosso do Sul, mas atualmente são apenas 111
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Com apenas uma equipe de perícia atuando em toda Campo Grande, onde já há quase um milhão de habitantes, a espera sempre é longa nos atendimentos de acidentes com morte ou homicídios, onde presença de peritos e delegados é obrigatória.
Para o presidente do Sinpof/MS (Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul), Sebastião Renato da Costa Oliveira, uma equipe para atuar na Capital e ainda nas cidades de Terenos e Sidrolândia é impraticável e prejudica muito o serviço.
Hoje, em acidente na avenida Guaicurus, onde duas pessoas morreram, a perícia demorou três horas para chegar ao local, onde os corpos ficaram expostos por todo esse tempo, sob olhares da família e cuidados do Corpo de Bombeiros que podiam apenas preservar o local, sem poder fazer a remoção.
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“O ponto é que não tem contingente suficiente, na polícia como um todo, mas a perícia principalmente”, lembrando que apenas de peritos o necessário seriam 330, mas há 111 atuando no Estado. Em 2014, quando a última turma de concurso começou a trabalhar, eram cerca de 150.
De lá para cá, segundo Sebastião, a situação piorou, já que para tentar suprir a falta, ao invés de mais vagas serem abertas através de concurso, servidores peritos do expediente interno passaram a atuar externamente, atendendo as cenas de crimes. Com isso, o trabalho de laudos foi prejudicado, como se lê aqui.
“E o concurso para perito é demorado, são sete fases, ainda tem treinamento, investigação social. É no mínimo um ano, um ano e meio para começar a atuar de fato”, afirma o sindicalista.
Segundo ele, há uma segunda equipe de perícia que atua de “sobreaviso” nos plantões, no entanto, só pode ser acionada se houver delegado disponível. Ou seja, para que a segunda equipe atue, é preciso que haja mais de um delegado por plantão, o que também não ocorre nas delegacias 24 horas da Capital, onde há um único profissional por período.
"Na nossa equipe, temos , além do perito Criminal, o Agente de polícia científica. Se houver necessidade do exame de impressões digitais, é accionado também o papiloscopista. Todos são profissionais da Coordenadoria Geral de Perícia, provido por concurso de provas e títulos. Não podem ser providos sem concurso", explica.
No caso de hoje, o delegado da Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) era o Lucas Caires, que ficou responsável por atender dois acidentes com morte nesta manhã: o da Guaicurus e um na rodovia BR-262.
“Optou-se por atender o caso da rodovia primeiro porque nesse caso, o risco de novo acidente devido o transtorno é grande, então a equipe de perícia foi com o delegado lá”, explicou Sebastião, conforme informações que diz ter recebido de colegas.
Para se ter uma ideia da falta de pessoal na Polícia Civil, o sindicalista lembra de caso de peritos de Dourados que precisaram atender ocorrência em Corumbá ou de peritos de Campo Grande que foram chamados para atendimento em Jardim.
Em contato com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e com a Delegacia Geral de Polícia Civil, a resposta sobre a demora no atendimento foi porque “na manhã de hoje aconteceram dois acidentes simultâneos, na Avenida Guaicurus e na saída para Sidrolândia. Ambos foram atendidos pelas equipes do Instituto de Criminalística de plantão”.
Também foi informado que “cabe ressaltar que dada a complexidade dos casos, eventuais atrasos podem acontecer, o que não compromete o resultado da perícia criminal, uma vez que em todos os casos os locais são preservados pela Polícia Civil e Polícia Militar”.
A reportagem questionou como é feita a distribuição dos 111 servidores do setor em Mato Grosso do Sul, mas a informação não foi repassada.
Também entramos em contato com o delegado geral da Polícia Civil, Marcelo Vargas, por ligação telefônica e aplicativo de mensagem, mas não houve retorno até o fechamento deste material.