Cidades

Um mês após incêndio, vizinhos de Atacadão retornam às casas no Santo Antônio

Por conta da fumaça, fuligem e mau cheiro, famílias foram levadas para hotel e o retorno aconteceu no feriado

Silvia Frias e Bruna Marques | 13/10/2020 11:04
Equipes trabalham na limpeza e reestruturação do supermercado (Foto: Henrique Kawaminami)
Equipes trabalham na limpeza e reestruturação do supermercado (Foto: Henrique Kawaminami)

Um mês depois de um dos maiores incêndios já registrados em Campo Grande, as famílias vizinhas do Atacadão, no Bairro Santo Antônio, voltaram às suas casas. A sensação ainda é de estranhamento diante dos escombros do supermercado, agora, cercado por tapumes.

O hotel foi oferecido pela empresa por conta da fumaça, fuligem e, depois de alguns dias, do incômodo causado pelo forte cheiro de produtos decompostos e que ficaram sob o que sobrou da estrutura do supermercado.

A dona de casa Marli Machado, 62 anos, passou 12 dias no Hotel Vale Verde, com a mãe, de 82 anos. Antes, tinha ficado alguns dias na casa da irmã. “Depois do incêndio tinha muita fumaça, cheiro forte”. 

Área no entorno foi coberta por tapumes (Foto: Henrique Kawaminami)

Na volta para casa, ainda disse ter sentido “cheiro azedo”,  leve e que não se compara ao que estava antes. Moradora no bairro há 29 anos, Marli costumava fazer compras no local e disse que agora precisa andar um pouco até outro mercado. “Muito triste a perda, mas, graças a Deus, eles têm recursos para se reerguer”, disse.

Vizinho de rua, o edificador Valdecir de Lima, 43 anos, também voltou do hotel neste fim de semana, onde ele ficou por duas semanas com a esposa e os três filhos, de 21, 12 e 9 anos. Nos primeiros cinco dias após o incêndio, ficaram em casa, pois a mulher tinha acabado de se submeter a cirurgia e, por isso, decidiram não transportá-la. Nesse meio tempo, os filhos faziam as refeições no hotel. “Ficavam enjoados de comer aqui, por causa do cheiro”, lembrou Valdecir.

Depois, todos foram para hotel. Segundo ele, a recuperação da mulher foi melhor, até porque não precisava se preocupar com alimentação ou cuidados com a casa.

Enquanto as casas estiveram desocupadas, a empresa ofereceu vigilância, por questão de segurança. Os animais também foram levados a pet shops ou hotéis e, aqueles que não se adaptariam ao hotelzinho, receberam assistência na própria casa.

Telhado destruído no incêndio (Foto: Henrique Kawaminami)

Alguns vizinhos do Atacadão não quiseram sair de casa, como o aposentado José Jerônymo, 83 anos, residente há 11 anos em casa localizada na rua lateral do mercado. “No começo, sofremos bastante com cheiro ruim e a fumaça”, lembra. Agora, lamenta também ter que fazer compras em outro lugar. “Ficou longe de ir”.

“Olhamos e dá uma tristeza”, disse a aposentada Cleide Silvino Correia, 64 anos, há 30 anos residindo no bairro. Ela também optou em ficar em casa, enfrentou fumaça, fuligem e mau cheiro, mas, agora, a situação melhorou. “É triste ver tudo destruído, tenho até hoje na cabeça a lembrança do fogo”.

O incêndio aconteceu no dia 13 de setembro, sendo o 4º de grandes proporções nos últimos 8 anos. O que restou do supermercado foi cercado por tapumes e é possível ver equipes trabalhando no local. 

A Polícia Civil ainda investiga as causas do incêndio, segundo o delegado Bruno Urban, do 7º DP (Distrito Policial) e não quis dar maiores informações sobre o caso. Anteriormente, havia dito que nenhuma hipótese está descartada, podendo ter sido incêndio criminoso ou acidental.

Nos siga no

Veja Também