Cidades

Sem cirurgias eletivas, casos de saúde levaram 9 mil pessoas à defensoria

Atendendo até na madrugada e por internet, Defensoria Pública aumentou atendimento em 33%

Caroline Maldonado | 06/12/2021 11:59
Cirurgia em hospital de Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo/Divulgação)
Cirurgia em hospital de Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo/Divulgação)

Aperfeiçoar o atendimento online e ir até as ruas até de madrugada, foram uma das estratégias do plano de retomada da pandemia da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, que conseguiu ampliar em 33% o atendimento entre janeiro e novembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2020. Os defensores de diversas áreas atenderam mais de 326,4 mil pessoas no Estado. 

O número de pessoas buscando atendimento para casos de saúde subiu 66% na Capital, em função das cirurgias eletivas suspensas por conta da pandemia, segundo a defensora pública-geral, Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira. Mais de 9,4 mil pessoas foram atrás da defensoria para tentar resolver questões de saúde, em 2020, enquanto no ano passado foram pouco mais de 5,7 mil atendimentos. 

São feitos, em média, 63 atendimentos por hora e 1,5 mil por dia, no total. Ainda há uma dificuldade muito grande das famílias em irem até os defensores, segundo a defensora pública-geral. Em Campo Grande, mais de 130 mil pessoas foram atendidas neste ano, o que representa aumento de 34% no comparativo com 2020, que teve mais de 97,3 mil atendidos. 

Defensora pública-geral, Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira. (Foto: Divulgação/Defensoria Pública)

“Muitas pessoas trabalham no próprio bairro e sair para ir ao Centro atrás de um atendimento é complicado, faz perder até um dia de trabalho. Então, temos feito todo um esforço para atender essas pessoas nos bairros. Aperfeiçoamos a plataforma virtual, demos início a Van dos Direitos com atendimento móvel e passamos a atender também na rede Fácil da Capital”, comentou a defensora ao revelar os números. 

Entre janeiro e agosto, o atendimento foi somente virtual. Em agosto, as unidades abriram para atender as pessoas presencialmente. No tempo de atendimento virtual, foram mais de 210,6 mil atendimentos. 

Em julho, a defensoria colocou nas ruas a Van dos Direitos, que atendeu mais de 4,9 mil pessoas até novembro, em regiões periféricas e favelas, além de moradores de rua. As vans chegaram também às aldeias indígenas do interior de MS. 

A defensoria abriu atendimento no Fácil General Osório, em novembro, e abrirá outra nesta semana, no Fácil Guaicurus. A primeira unidade atende 17 pessoas por dia, em média. 

Defensor público Daniel Provenzano (Foto: Divulgação/Defensoria Pública)

Nas ruas - Durante as madrugadas, as equipes do Nudedh (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos) instaurou 747 procedimentos, entre janeiro e novembro deste ano, segundo o defensor público Mateus Sutana. 

“Fizemos atendimentos entre 22h e 3h. Nas madrugadas, atendemos muitas pessoas sob efeito de álcool ou drogas em um trabalho em que temos que ter muita paciência para extrair algo de concreto e assim poder ajudar essas pessoas a terem acesso aos seus direitos”, comenta o defensor. 

Muitas pessoas chegam apreensivas e acabam até chorando de emoção quando percebem que os defensores querem ajudar. “São pessoas que esperam ser enxotadas, julgadas e ficam receosas em passar o nome e outras  informações pessoais", detalha o defensor. 

Os atendimentos aumentaram em todas as áreas, inclusive saúde, direitos da mulher, sistema penitenciário, criminal, infância e adolescência, fazenda pública e população indígena. 

Na área da família, entre os 39,6 mil atendidos, a maioria buscou a defensoria para resolver situações de pensão alimentícia, divórcio e guarda de filhos, netos e sobrinhos, conforme o coordenador do Nufan (Núcleo da Família e Sucessões), defensor Daniel Provenzano. 

Defensora pública Kátia Caroso (Foto: Divulgação/Defensoria)

Casos de ocupação de áreas públicas, casas populares, multas e pontos de CNH (Carteira Nacional de Habilitação), transferência de veículos, execuções fiscais municipal e estadual, retificação de nomes, entre outros, levaram 4,6 mil pessoas à defensoria. 

Segundo a defensora Kátia Caroso, os números representam aumento de 39% no atendimento, em relação a 2020, quandto 3,3 mil pessoas foram atendidas. 

"Muitas pessoas não sabem que é importante formalizar a transferência de uma carro para que os pontos e multas não sejam registrados em sua habilitação. Muitos não sabem que se invadem área pública não terão direito a indenização quando tiverem que sair. Outros precisam de retificação de nome para ter acesso a direitos. São esses e outros casos que atendemos , fazendo esforços para ajudar essas pessoas da melhor forma possível", comenta a defensora. 

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