Cidades

Réu pela morte de Marielly sai pela porta de frente após erro em presídio do MT

Ele ganhou o direito de esperar o júri sobre a morte durante aborto em casa, mas deveria permanecer preso por esfaquear a mulher

Geisy Garnes | 01/09/2020 15:08
Hugleice da Silva quando saiu da prisão em 2011 (Foto: Arquivo/ Campo Grande News)  
Hugleice da Silva quando saiu da prisão em 2011 (Foto: Arquivo/ Campo Grande News)  

Um erro na Penitenciária da Mata Grande em Rondonópolis, cidade mato-grossense, colocou em liberdade Hugleice da Silva, réu do processo pela morte de Marielly Barbosa, de 19 anos, durante um aborto malsucedido em 2011, em Campo Grande. Ele também esfaqueou a irmã dela, Mayara Barbosa, do qual era marido naquela época.

Hugleice estava preso desde dezembro de 2018, ano que esfaqueou Mayara, após supostamente encontrar mensagens e imagens da mulher com outro homem, em Alto Taquari, Mato Grosso. Depois do crime, fugiu para Dourados, mas foi capturado e transferido para o presídio em Rondonópolis.

Mayara é irmã mais velha de Marielly Barbosa, que morreu após um aborto malsucedido em Sidrolândia. Na época, conforme apurado pela polícia, quem a levou para fazer o procedimento foi Hugleice, com quem tinha um caso. Por isso, ele também responde pela morte da cunhada.

Até sexta-feira, dia 28 de agosto, Hugleice estava preso preventivamente pelos dois crimes. Ao Campo Grande News, José Roberto Rodrigues Rosa, advogado do acusado, explicou que por entender a prisão pelo aborto de Marielly desnecessária, entrou com pedido de liberdade alegando “pretensão fulminada pela prescrição”.

O pedido foi aceito e a liberdade do réu decretada para que ele aguarde o júri do caso em casa. Seguindo o procedimento normal, o alvará de soltura foi enviado ao presídio, que na sexta-feira, soltou Hugleice sem verificar o outro mandado de prisão que o mantinha na cadeia, a tentativa de homicídio contra Mayara.

Assim que ganhou liberdade, o réu ligou para o advogado, que ao verificar a situação, percebeu que o habeas corpus sobre o crime contra a Mayara sequer foi analisado. “O presídio só percebeu o erro na tarde de ontem”, contou o advogado. Diante da situação, o Rosa convenceu o cliente e combinou a apresentação dele com a direção da penitenciária, o que deve acontecer nesta tarde, em frente do Fórum de Alto Taquari.

“A mãe está desolada, mas não temos o que fazer. Faz um ano e nove meses que tento a liberdade dele no caso em Mato Grosso, mas o último pedido não foi analisado”, explicou a defesa.

O caso - Hugleice e Mayara moravam no Jardim Santa Maria, em Rondonópolis (MT). No dia do crime, depois de ver as imagens e esfaquear a esposa ele fugiu com o carro do casal, um Palio prata.

Mas Hugleice acabou preso três dias depois (22) durante fiscalização de rotina no posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no quilômetro 267, da BR-163, quando chegava em Dourados. O suspeito estava com o celular da vítima. Ele ficou preso por cerca de uma semana em Dourados até ser transferido de volta para MT.

Aborto - Em 2011, Hugleice ficou conhecido em Mato Grosso do Sul por ter levado a cunhada Marielly para fazer um aborto, que terminou em morte. Na época, ele juntamente com o enfermeiro que fez o procedimento esconderam o corpo da jovem e Hugleice ainda ajudou nas buscas pela moça considerada inicialmente desaparecida.O caso ainda aguarda julgamento na Justiça.

José Roberto Rodrigues Rosa, advogado de defesa, combinou em apresentar o clienta ao presídio (Foto: Arquivo/Campo Grande News)


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