Cidades

Presos por extorquir prefeito foram atraídos para hotel e pegos na Capital

Além de extorsão, polícia investiga lavagem de dinheiro e a participação de outras pessoas no esquema para chantagear o político

Anahi Zurutuza e Mirian Machado | 27/06/2019 09:23
No celular, vereadora na sala de espera de delegacia, aguardando para depor (Foto: Henrique Kawaminami)
No celular, vereadora na sala de espera de delegacia, aguardando para depor (Foto: Henrique Kawaminami)

Danyhaul Dutra Rosário, de 32 anos, que diz ser jornalista e é conhecido como Dener, e o motorista Anderson Franco de Barros, de 24 anos, envolvidos em caso de extorsão a prefeito do interior, foram presos em um hotel em Campo Grande. Os dois foram atraídos para o estabelecimento com a desculpa que receberiam dinheiro.

O relato é de Anderson, segundo o advogado dele, Ivan Hildebrand Romero. O defensor afirma que o cliente não sabia da extorsão e foi chamado por Dener para levá-lo de Tacuru ao hotel em Campo Grande sem saber da chantagem com o prefeito da cidade, Carlos Alberto Pelegrini (MDB). “Ele é só o motorista do jornal”, disse, sem citar qual veículo.

“O Danyhaul disse a ele que estava negociando um carro e iam buscar o dinheiro. Ele foi preso dentro do carro, na frente do hotel”, completou o advogado.

A polícia, contudo, suspeita da versão, uma vez que Anderson utilizou o próprio carro, um Toyota Corolla, no transporte. O delegado Reginaldo Salomão, da Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos), não quis dar detalhes sobre a investigação, mas adiantou que além de extorsão, o crime de lavagem de dinheiro também será investigado. O responsável pelo inquérito explica que a renda do motorista não é compatível com os bens que possui.

A Derf investiga ainda a participação de mais pessoas no esquema para arrancar dinheiro do prefeito e nesta quarta-feira (27), convocou a presidente da Câmara de Tacuru, Daiana Pedrotti (PTdoB), para depor. A vereadora também não quis falar com a imprensa.

Presos na Derf, em Campo Grande (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Ivan Hildebrand Romero, advogado de um dos envolvidos, em entrevista (Foto: Henrique Kawaminami)

O caso - Danyhaul e Anderson foram presos na tarde de segunda-feira (24). Conforme divulgou a polícia, a dupla exigia dinheiro do prefeito para não publicar diariamente notas sobre um roubo que o político teria sofrido em Dourados.

Em abril, vídeo que circulou nas redes sociais mostra o prefeito supostamente se recusando a pagar programa com travestis. Nas imagens, as travestis filmam somente Carlos Alberto, mas estão com uma maquininha de cartão e o obrigam a dizer a senha.

Ao site Notícia Direta, de Tacuru, o prefeito alega que foi vítima de roubo. Ele relatou à época que estava em Dourados para dar assistência a familiar acidentado e que saiu do hospital da cidade por volta das 3h. Depois de dirigir três quadra, segundo relata o emedebista, dois motociclistas armados o abordaram e quando descobriram que ele era prefeito, começaram a filmá-lo.

Carlos Alberto afirma ainda que o cansaço fez parecer que ele estava bêbado ou dopado.

Segundo apurou a Derf, além de usar o caso do vídeo para tirar dinheiro do prefeito, a dupla dizia que tinha em mãos material bombástico e que o venderiam a inimigos políticos do prefeito interessados em tirar o emedebista da disputa eleitoral do ano que vem.

Danyhaul confessou o crime e delatou comparsas e por isso a investigação continua.

A Derf orienta que pessoas que estejam sendo vítimas de extorsão que façam contato com a delegacia, pelo (67) 3368-6600, antes de fazer qualquer pagamento.

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