Cidades

Polícia de Goiás investiga contrabando de cloroquina pela fronteira de MS

Comprimidos teriam sido adquiridos pelos 4 contrabandistas na Capital

Adriano Fernandes | 28/05/2020 19:42
O medicamente tem eficácia comprovada no tratamento de malária, artrite reumatoide e lúpus. (Foto: Reuter/Diego Vara/Reprodução Agência Brasil)
O medicamente tem eficácia comprovada no tratamento de malária, artrite reumatoide e lúpus. (Foto: Reuter/Diego Vara/Reprodução Agência Brasil)

Quatro contrabandistas foram flagrados em Goiás com 3,6 mil comprimidos de hidroxicloroquina, que supostamente teriam sido adquiridos em Campo Grande. A carga foi encontrada na tarde desta quarta-feira (27), escondida em uma caminhonete que foi abordada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) próximo à Uruaçu, no norte de Goiás.

A Polícia Civil de Goiás investiga qual era a intenção dos quatro homens que transportavam os remédios escondidos na aparelhagem de som do veículo. “Ainda estamos coletando informações. Resta saber a real intenção do grupo, que afirmou ter arrecadado recursos [para a compra dos remédios] com comerciantes de Imperatriz (MA) e viajado ao Mato Grosso do Sul para comprar os medicamentos e, na volta, doar para quem precise”, comentou o delegado Fernando Martins a Agência Brasil.

As 120 caixas do remédio encontradas na caminhonete, cada uma delas com 30 comprimidos, foram entregues à Vigilância Sanitária municipal e deverão ser destruídas, pois o medicamento não tem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A carga foi descoberta durante uma fiscalização de rotina na região. 

No primeiro momento, os homens alegaram ter apanhado os medicamentos em São Paulo. Depois, mudaram a versão e afirmaram tê-los obtido em Campo Grande. Os quatro investigados declararam também aos policiais rodoviários que a intenção era doar toda a carga para hospitais do Maranhão.

Segundo Martins, os quatro homens que transportavam a hidroxicloroquina foram liberados após prestarem depoimento. O caso ainda pode vir a ser transferido para a alçada da Polícia Federal (PF).

Em nota, a PRF afirma crer que o próprio grupo foi ao Paraguai buscar os remédios. Por este motivo, podem também responder por crime contra a saúde pública. Esta é a primeira vez que policiais rodoviários federais apreendem hidroxicloroquina. 

Desde que o novo coronavírus chegou ao Brasil, em meados de março, cargas com testes, respiradores e oxímetros (aparelhos que aferem a quantidade de oxigênio presente nas células, ajudando no monitoramento da oxigenação sanguínea) já tenham sido apreendidos.

Segundo o delegado Fernando Martins, o crime de contrabando já está configurado, uma vez que os medicamentos produzidos no Paraguai são proibidos no Brasil. O coordenador-geral da Associação Brasileira Superando o Lúpus, Doenças Reumáticas e Raras (Superando), Carlos Eduardo Tenório, afirmou à Agência Brasil que a notícia da apreensão serve como um alerta.

A maior dificuldade que pacientes com malária, artrite reumatoide e lúpus estão tendo para encontrar o remédio em várias partes do país, bem como o aumento dos preços, possam estimular práticas ilícitas.   

“A cloroquina é uma medicação de comprovada eficácia para a lúpus e algumas outras doenças crônicas autoimunes. Com a covid-19, vimos uma corrida muito grande às farmácias. Isto desabasteceu o mercado e muitas pessoas que já a utilizavam há anos acabaram ficando sem o remédio. Verificamos não só um aumento abusivo dos preços - principalmente nas farmácias de manipulação -, como uma maior dificuldade de encontrá-la. O que abre margens [para a venda irregular do produto]”, comentou Tenório.

De acordo com Tenório, antes da Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecer a pandemia da covid-19, em março deste ano, era possível comprar uma caixa do medicamento na cidade de São Paulo por, em média, R$ 40,00. Agora os valores variam de R$ 60,00 até R$ 700,00. Consultado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde não se manifestou sobre o assunto.

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